O advogado da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Frederick Wassef, foi condenado por injúria racial nesta quarta-feira (17). A condenação ocorreu por conta de um episódio em que ele teria chamado uma atendente de uma pizzaria de “macaca”, além de outras ofensas.
Wassef recebeu uma pena de 1 ano e nove meses, mas que deve ser substituída por medidas restritivas de direitos. O advogado ainda pode recorrer da sentença em liberdade.
Na condenação, o juiz também determinou uma multa de R$ 6 mil. O valor é corrigido com juros desde 2020, relativos ao dano moral para a vítima.
“Sem dúvida, algumas expressões carregam em si um significado ofensivo inequívoco. A expressão “macaca” tão bem retratada na prova oral carrega intenso desprezo e escárnio. A palavra proferida é suficiente para retratar a intenção lesiva do réu”, diz trecho da decisão.
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Ainda no processo, Wassef negou as acusações. Segundo o documento, ele disse que os fatos “foram tecidos numa engenharia criminosa orquestrada por diversos indivíduos com interesses pessoais e políticos em prejudicá-lo”.
O advogado disse também que o Ministério Público pediu sua absolvição e que o processo é lotado de provas de sua inocência.
Entenda o caso
De acordo com a decisão, o caso aconteceu em outubro de 2020, em uma pizzaria num shopping no Lago Norte, bairro nobre de Brasília. Na ocasião, ele teria se recusado a receber atendimento de uma funcionária negra do local.
Segundo relato no processo, ele teria dito: “Não quero ser atendido por você. Você é negra e tem cara de sonsa e não vai saber anotar meu pedido”.
Em seguida, Wassef segurou o braço da jovem, que tinha 18 anos à época dos fatos, a a arrastou até o balcão da cozinha, onde jogou uma caixa de pizza no chão e a mandou recolher o objeto.
Já em novembro, um mês após o primeiro ato, o advogado voltou ao estabelecimento. O processo aponta que ele teria ignorado a mesma atendente quando ela solicitou oferecer os serviços da casa. Então, uma outra mulher o atendeu.
Após a refeição, Wassef foi ao caixa e disse que a comida não estava boa. Ele chegou a dizer que o alimento estava “uma merda”. No momento, ele passou a ofender a mesma atendente da outra vez e disse: “Você é uma macaca! Você come o que te derem!”.
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As informações constam nos relatos do documento processual.
Outro lado
O advogado negou o crime e se disse vítima de uma perseguição. Veja a nota na íntegra:
“Eu fui absolvido pelo crime de racismo, a pedido do próprio Ministério Público, que antes me denunciou, pois a própria testemunha da acusação, na frente do juiz e da promotora, admitiu que não era verdade a acusação e que era mentira o que constava em seu depoimento, bem como o que foi dito por Daniele, a moça branca que fingiu ser negra e vítima, e que eu nunca chamei ninguém de negra ou macaca.
Foi provado em audiência as mentiras, a farsa e a armação.
No segundo fato, da falsa acusação de injúria racial, também foi provada a minha inocência na audiência, perante o juiz. Além de várias provas, foram ouvidas quatro (4) testemunhas que estavam presentes no momento do fato, as quais provaram ao juiz que nada aconteceu e que Daniele mentiu.
Foi provado em juízo que jamais ofendi a moça. Sobre este fato, houve apenas a palavra isolada, falsa e mentirosa da menina, contra quatro testemunhas idôneas que provaram que nada aconteceu.
Sumiram as imagens das câmeras de segurança, e não existe uma foto ou filmagem sobre as falsas acusações.
O juiz julgou contra as provas concretas, inequívocas e incontestáveis do processo, ignorando a verdade fática e real, incorrendo em grave erro judicial. O juiz ignorou as várias provas de mentiras, má-fé, falso testemunho e denunciação caluniosa que estão no processo a meu favor.
Convido todos a lerem o processo. Qualquer um do povo vai ver provada a minha inocência.”
*Sob supervisão de Carolina Figueiredo