Waack: STF acelera condenação e Centrão calcula a anistia

A julgar pelo que ocorreu no primeiro dia do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Brasília, não parece que ele terá de esperar muito por uma eventual condenação. No entanto, a possibilidade de uma anistia, se é que virá, exigirá bastante paciência.

No que diz respeito ao julgamento, a acusação adotou um tom ainda mais duro e relacionou o destino político de Bolsonaro à influência de Donald Trump na política brasileira. Em outras palavras, caso seja condenado, Bolsonaro poderá atribuir parte da culpa também àquele que imaginou ser um salvador.

Quanto à anistia, o tema esteve presente em diversas conversas nos bastidores da política. Foi discutido, por exemplo, durante um café da manhã entre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o principal dirigente do partido Republicanos, além de ter sido mencionado em rodas de conversa informais entre parlamentares no Congresso. Esses movimentos foram incentivados, em grande parte, pelo anúncio feito nesta terça-feira (2) por dois partidos importantes do centrão — o PP e o União Brasil —, que decidiram desembarcar do governo Lula.

Embora ainda não tenham formalizado a entrega dos cargos ocupados por seus ministros, os partidos anunciaram a intenção de fazê-lo e declararam, por meio de seus dirigentes, apoio à concessão de uma anistia. No entanto, o formato dessa anistia ainda não está claro. Pode ser, por exemplo, que se limite aos participantes dos atos golpistas de 8 de janeiro.

No Congresso, o tema é tratado com cautela e, por ora, evita-se tocar diretamente na questão enquanto durar o julgamento de Bolsonaro, que, aos poucos, vai sendo politicamente isolado. O centrão já começa a condicionar a defesa da anistia a uma desistência formal de Bolsonaro em relação a uma candidatura futura — considerada, com razão, inviável pelos atores políticos — e à transferência de seu capital eleitoral para alguém de fora do núcleo familiar.

Pelo que se viu no primeiro dia do julgamento, é provável que Bolsonaro enfrente primeiro a condenação. Depois, talvez, venha a anistia — dependendo do preço que estiver disposto a pagar.

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