Waack: Dogma bolsonarista insiste em ignorar a realidade

Dogma é dogma justamente porque não se pode duvidar dele. É exatamente isso que ocorre, neste momento, com as forças políticas alinhadas ao bolsonarismo. Elas se recusam a questionar o dogma segundo o qual a Casa Branca irá resolver, a seu favor, aquilo que o bolsonarismo deseja. No entanto, isso não está acontecendo.

Aparentemente, não há qualquer dado da realidade capaz de convencer as forças bolsonaristas de que as sanções, os ataques e as interferências promovidas pelos Estados Unidos na política brasileira estão, na verdade, piorando a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — e não o contrário. É unicamente disso que se trata para aqueles que, nos Estados Unidos, estão dispostos a aceitar prejuízos ao próprio país, desde que isso sirva para defender o chefe do clã Bolsonaro.

Esse cenário se repetiu nesta segunda-feira (22), mais uma vez. Assim que o governo americano aplicou a Lei Magnitsky também contra a esposa do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, as negociações em curso para algum tipo de anistia — ou mesmo para uma dosimetria penal mais favorável, que pudesse beneficiar até o próprio Jair Bolsonaro — esfriaram consideravelmente.

Do ponto de vista político, o que se observa é o fortalecimento do adversário, e não da direita radical, que o bolsonarismo acredita ser a única capaz de representá-lo. Os bolsonaristas imaginaram, no Congresso, uma troca entre a aprovação da PEC da Blindagem e a anistia, mas estão sofrendo desgaste por não conseguirem conquistar nem uma, nem outra.

Apesar de o bolsonarismo ainda contar com um contingente eleitoral numeroso — que os candidatos da direita julgam não poder ignorar — essa corrente carece de dois elementos fundamentais na política: força suficiente dentro do próprio Congresso e poder de convencimento.

Acreditam que a Casa Branca lhes dará aquilo que não conseguem obter por meios próprios. Isso não passa de um dogma.

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