O STF (Supremo Tribunal Federal) está a um passo de colocar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em regime de prisão fechada, após rejeitar, nesta sexta-feira (7), recursos apresentados por sua defesa. Resta apenas uma última etapa recursal, que, no entanto, não tem o poder de alterar a condenação já imposta de 27 anos de prisão.
Persistem dúvidas sobre onde Bolsonaro começará a cumprir sua pena — se em uma penitenciária, em casa, na sede da Polícia Federal ou em um quartel. No entanto, a incerteza mais relevante recai sobre o destino de seu legado político. Bolsonaro, ou qualquer um que carregue seu sobrenome, revelou-se incapaz de unir e coordenar aquilo que muitos consideram ser a maioria do espectro eleitoral brasileiro, a centro-direita.
O que já se desenhava como uma situação difícil, em razão da inelegibilidade do ex-presidente — anterior à condenação por tentativa de golpe de Estado —, tornou-se agora praticamente insustentável. A grande questão passa a ser quem poderá se tornar seu herdeiro político e, mais do que isso, em que direção e sob que bandeira marcharão as correntes que se autodenominam de centro e de direita.
Esses grupos se dividiram ainda mais em torno de temas como uma possível anistia, o chamado “tarifaço” e a suposta ajuda de Donald Trump. As disputas internas no próprio bolsonarismo têm causado prejuízos significativos em bastiões tradicionais da direita, como Santa Catarina, em função da escolha de candidatos ao Senado.
Apesar das crises internas, ninguém que acompanha a política nacional duvida do peso relativo do eleitorado bolsonarista. No entanto, a desunião entre as forças de direita é hoje apontada, por seus principais líderes, como o maior problema eleitoral — superando até mesmo as preocupações sobre o futuro pessoal de Bolsonaro.
Assim, o STF, ao confirmar a condenação do ex-presidente, acaba por forçar a direita brasileira a encarar uma questão inevitável: como se reorganizar e se unir politicamente — agora, sem Bolsonaro.