A Ucrânia quer “paz real, não apaziguamento” com a Rússia, disse seu ministro das Relações Exteriores nesta quinta-feira (4) na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, o órgão de segurança e direitos que busca um papel para si em uma Ucrânia pós-guerra.
O futuro do caminho das negociações de paz não está claro no momento, disse o presidente dos EUA, Donald Trump, na quarta-feira (3), após o que ele chamou de negociações “razoavelmente boas” entre o líder russo, Vladimir Putin, e os enviados dos EUA.
“Ainda nos lembramos dos nomes daqueles que traíram as gerações futuras em Munique. Isso nunca deve se repetir novamente. Os princípios devem ser intocáveis e precisamos de paz real, não de apaziguamento”, disse Andrii Sybiha.
Ele estava se referindo a um acordo de 1938 com a Alemanha nazista, no qual Reino Unido, França e Itália concordaram com a anexação da região dos Sudetos por Hitler, na então Tchecoslováquia.
O acordo é amplamente utilizado como uma forma abreviada de se referir à incapacidade de confrontar uma potência ameaçadora.
“A Europa teve muitos acordos de paz injustos no passado. Todos eles só levaram a novas catástrofes”, disse Sybiha, agradecendo aos Estados Unidos pelo avanço dos esforços de paz e prometendo que a Ucrânia “usaria todas as oportunidades para tentar acabar com essa guerra”.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que sua equipe estava se preparando para reuniões nos Estados Unidos e que o diálogo com os representantes de Trump continuará.
A OSCE, um órgão de 57 nações que inclui os Estados Unidos, o Canadá, a Rússia e grande parte da Europa e da Ásia Central, surgiu como um importante fórum para o diálogo leste-oeste durante a Guerra Fria.
Nos últimos anos, ela tem sido frequentemente travada em impasses, conforme a Rússia bloqueia decisões importantes, acusando-a de ter sido tomada pelo Ocidente.
Em sua declaração, a Rússia reclamou da “total ucranização da agenda” da OSCE.
Agora, os Estados Unidos estão ameaçando se retirar, exigindo reformas como o corte de mais de 10% no orçamento e que o órgão “retorne às suas funções principais”.
Ao apresentar a declaração dos EUA, o funcionário sênior do Departamento de Estado para Assuntos Europeus e Eurasiáticos, Brendan Hanrahan, citou o monitoramento de eleições da OSCE, no qual ela chama a atenção para votações que não são livres ou justas, como um exemplo de exagero.
“A OSCE deve parar de tratar a transformação da vida política doméstica como uma de suas principais funções”, disse ele em sua declaração, acrescentando:
“O monitoramento, seja de fronteiras, eleições ou reformas, só pode ser eficaz com a total cooperação dos Estados envolvidos.”