Turquia acusa Netanyahu de “genocídio” e emite mandados de prisão

A Turquia emitiu nesta sexta-feira (7) mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e dezenas de outras autoridades israelenses por acusações de “genocídio”.

O Gabinete do Procurador-Chefe de Istambul informou ter emitido mandados contra 37 pessoas. Além de Netanyahu, os alvos incluem o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, e o chefe das Forças Armadas, Eyal Zamir, entre outros.

Os mandados acusam os funcionários israelenses de “crimes contra a humanidade” e “genocídio” cometidos em Gaza e contra a flotilha que transportava ajuda humanitária ao enclave, segundo o gabinete do procurador. Essa flotilha foi interceptada pelas autoridades israelenses no mês passado.

Israel reagiu rapidamente, condenando e rejeitando os mandados.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, chamou a medida de “encenação de relações públicas” do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

“Na Turquia de Erdoğan, o Judiciário há muito se tornou uma ferramenta para silenciar rivais políticos e prender jornalistas, juízes e prefeitos”, disse Sa’ar em uma postagem nas redes sociais, referindo-se à prisão do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, no início deste ano. Imamoglu, um importante rival de Erdogan, foi preso em março no âmbito de investigações de corrupção e terrorismo.

O Hamas afirmou que a medida “confirma as posições nobres do povo turco e de sua liderança”.

Os mandados turcos levantaram dúvidas sobre o papel que a Turquia desempenhará em uma força internacional para segurança de Gaza, criada para sustentar o acordo de cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos.

No início desta semana, vários países de maioria muçulmana se reuniram em Istambul para discutir uma Força Internacional de Estabilização para Gaza — um elemento-chave do plano de cessar-fogo do presidente dos EUA, Donald Trump. A força temporária teria a função de treinar uma nova polícia palestina e ajudar a estabilizar o enclave.

Autoridades americanas citaram a Turquia — que desempenhou um papel importante ao convencer o Hamas a aceitar o cessar-fogo — como possível participante dessa força. E embora ainda não esteja claro qual será o papel da Turquia, Israel já deixou claro que é contra a presença de tropas turcas em Gaza.

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou que Israel precisará, em última instância, consentir com a presença de quaisquer tropas estrangeiras estacionadas no território.

Os mandados turcos contra Netanyahu e outros funcionários surgem quase um ano após o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitir um mandado de prisão contra o líder israelense, acusando-o de crimes de guerra. O gabinete do primeiro-ministro havia rejeitado o mandado do TPI, classificando-o como “absurdo e antissemita”.

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