Do inglês, “stable” quer dizer “estável” — a palavra dá nome às stablecoins, consideradas um grupo de criptomoedas mais estáveis em relação à tradicional volatilidade do ecossistema cripto.
A estabilidade é garantida pelas emissoras da moeda digital, que criaram uma relação de paridade com moedas tradicionais — semelhante aos caixas de festa junina.
Antes de comprar as tradições comidas na festa de São João, normalmente é preciso trocar o real por fichas. Em geral, a troca obedece à proporção de um para um, ou seja, três reais são trocados por uma ficha de três, por exemplo.
Nas criptomoedas, quem é responsável por manter essa paridade são as emissoras.
“O emissor é aquele que dá o lastro à establecoin, que ganha capilaridade nas exchanges”, disse Evandro Caciano, head financial service da Logcomex, em entrevista ao CNN Money.
O consultor de câmbio explica que o lastro é um depósito com representação digital em ativo real atrelado a moeda, que pode ser moedas como dólar e euro, títulos de governo e minerais como ouro e grãos como soja e café.
Se uma stablecoin vale um dólar, como a USDC e USBT, o valor deve ser mantido amanhã, semana que vem e daqui um mês.
Assim como as fichas usadas festas juninas, a principal vantagem das stablecoins é a facilidade de trocas dentro de um ecossistema. As transações acontecem sem fronteiras ou taxas, e sem intermediários como bancos tradicionais.
As moedas digitais são usada em pagamentos on-line, em aplicativos financeiros, e em investimentos internacionais — como uma forma rápida de enviar dinheiro sem intermediários.
Apesar das facilidades, os riscos ainda rondam o sistema. Quando o “dono da festa” vende fichas demais ou não encontra interessados em negociar por aquele preço, essas fichas podem perder valor. O mesmo vale para o universo das stablecoins, caso a corretora quebra ou se o governo não estabelece regras.
O Banco Central definiu as resoluções 519, 520 e 521, que regulamentam a lei 4.798 e definem critérios para empresas que passam a integrar o Sistema Financeiro Nacional nesse segmento. A regulamentação cria exigências específicas de proteção ao consumidor, segurança cibernética e prevenção a ilícitos.
A rastreabilidade das moedas digitais também permite outros tipos de controle: cada unidade funciona como uma ficha registrada, com histórico de quem comprou e quando. No fim da “festa”, se o usuário não tiver utilizado suas fichas, pode simplesmente pedir o dinheiro de volta.