Nova York realiza eleição para prefeito nesta terça-feira (4), em uma disputa que chamou atenção do resto dos Estados Unidos e do presidente Donald Trump.
Um dos principais focos de atenção é o candidato democrata Zohran Mamdani, que se autointitula socialista democrático.
Além disso, Andrew Cuomo, ex-governador do estado de Nova York acusado de assédio sexual, e Curtis Sliwa, o candidato republicano, também estão na disputa.
Saiba mais sobre os candidatos à prefeitura de Nova York na matéria abaixo.
Zohran Mamdani, o socialista democrático

Aos 34 anos, Zohran Mamdani, um autoproclamado socialista democrático e deputado estadual pelo Queens, se tornou o rosto de uma esquerda ressurgente em Nova York.
Nascido em Uganda, ele seria o primeiro prefeito muçulmano e indo-americano da cidade.
Ele é filho de Mahmood Mamdani, acadêmico, escritor e professor da Universidade Columbia, e da premiada cineasta indiana Mira Nair.
A campanha de Mamdani se concentra em habitação, transporte público e justiça econômica.
“Juntos, Nova York, vamos congelar o aluguel… tornar os ônibus rápidos e gratuitos… e oferecer assistência médica universal. Faremos da nossa cidade um lugar onde todos que a chamam de lar possam viver com dignidade”, disse ele.
Apesar de o presidente Donald Trump tê-lo chamado de “comunista”, o democrata insiste que sua mensagem transcende as linhas partidárias.
“Espero ser prefeito de cada pessoa que chama esta cidade de lar, não apenas daqueles que votaram em mim nas primárias democratas, não apenas daqueles que votarem em mim nesta eleição geral, mas de todos os 8,5 milhões de nova-iorquinos – e isso inclui os nova-iorquinos judeus que possam ter preocupações ou oposição às posições que compartilhei sobre Israel e Palestina”, garantiu.
A ascensão de Mamdani surpreendeu observadores políticos que antes avaliavam que o movimento dele era radical demais.
Apoiado por uma coalizão progressista e impulsionado pelo entusiasmo popular, se posicionou como uma voz geracional que desafia o establishment da cidade.
Andrew Cuomo, ex-governador de Nova York

Aos 67 anos, Andrew Cuomo tenta um retorno à política quatro anos após renunciar ao governo de Nova York, se posicionando como um político experiente.
Assim, tem estruturado sua campanha como um contraste entre sua firmeza e a inexperiência de Mamdani.
“Fui governador por 11 anos… e fiz o governo funcionar. Este não é um trabalho para aprendizado na prática“, disse.
Concorrendo agora como independente, Cuomo argumenta que somente ele pode administrar uma cidade abalada por altos custos e preocupações com a segurança pública.
“Precisamos de mais policiais no metrô, mais policiais nas áreas de alta criminalidade… a segurança pública ainda é a prioridade número um”, afirmou em um comício em março.
Filho do governador Mario Cuomo, que cumpriu três mandatos, Andrew Cuomo ascendeu na política de Nova York como um democrata centrista combativo.
Ele atuou como secretário de Habitação dos Estados Unidos durante o governo do presidente Bill Clinton, como procurador-geral de Nova York e, posteriormente, como governador por três mandatos, antes de renunciar.
Como governador, Cuomo sancionou leis que legalizaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o uso recreativo da maconha, aumentou o salário mínimo de US$ 9 para US$ 15 por hora e reconstruiu infraestruturas como a Ponte Mario M. Cuomo.
Entretanto, a resposta à pandemia de Covid-19 se tornou o início de sua decadência política.
Em uma auditoria, o controlador do estado de Nova York constatou que o governo de Andrew Cuomo pressionou o Departamento de Saúde para subnotificar deliberadamente as mortes pela doença entre residentes de lares de idosos do estado.
Além disso, ele havia assinado um contrato de US$ 5,1 milhões para um livro sobre sua liderança durante a pandemia, mas o conselho de ética do estado revogou sua aprovação após alegar que Cuomo usou indevidamente funcionários e recursos estaduais para escrevê-lo.
O político afirmou que não fez nada de errado ou antiético e processou o conselho de ética, buscando o pagamento dos US$ 5,1 milhões, em um litígio que ainda está em andamento.
Cuomo renunciou em agosto de 2021, uma semana depois que a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, divulgou os resultados de uma investigação que concluiu que ele havia assediado sexualmente 11 mulheres.
O então governador disse que não havia feito nada de errado, mas pediu desculpas a todos que se sentiram desconfortáveis com o que classificou como tentativas desajeitadas de ser afetuoso ou engraçado.
Curtis Sliwa, republicano fundador do Anjos da Guarda

Curtis Sliwa, candidato do Partido Republicano, é fundador do grupo Anjos da Guarda — grupo que começou a patrulhar o metrô de Nova York na década de 1970 para prevenir crimes e ainda opera em todo o mundo — e ativista de longa data da cidade de Nova York.
Aos 71 anos, se posiciona como o último defensor da segurança pública e da acessibilidade à moradia.
“Nossa missão… é tornar Nova York segura novamente, tornar a cidade acessível novamente e, naturalmente, dar a todos a oportunidade de alcançar o sonho americano”, disse ele em um vídeo de campanha.
“Podemos vencer. Podemos salvar a cidade. E podemos provar que os pessimistas, bilionários e influenciadores estão errados, porque eu não vou desistir”, comentou.
Sliwa tem repetido essa mensagem inúmeras vezes, ignorando os pedidos para que saia da disputa e consolide o apoio em torno de Andrew Cuomo.
Trump avaliou que, se o republicano “desistisse, talvez Cuomo tivesse uma pequena chance [de vencer], mas não muita… a vantagem não é grande, mas é suficiente para que ele consiga vencer”.
Ao longo de sua campanha, Curtis Sliwa se apoiou no mesmo estilo direto que o tornou uma figura constante na vida da cidade desde a década de 1970.
Ele alega que o atual prefeito de Nova York, Eric Adams, atende aos interesses dos incorporadores imobiliários enquanto ignorava os moradores.
Também defendeu uma fiscalização direcionada, afirmando que o ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA) deveria se concentrar em “traficantes de drogas, integrantes de gangues, predadores sexuais e aqueles envolvidos em narcoterrorismo” — e não em trabalhadores ou famílias.
Ter sido um fundador dos Anjos da Guarda continua sendo fundamental para seu apelo.
*com informações da Reuters