O governo Trump vive semana de tensões, com democratas ameaçando um shutdown (paralisação) caso o Congresso não aprove o Orçamento para o ano fiscal de 2026 até terça-feira (30), data limite para decisão sobre o financiamento de departamentos e órgãos federais.
Sem a definição do pacote de gastos para o próximo ano, agências e outras atividades da administração federal devem paralisar suas operações.
Os legisladores ainda não aprovaram em ambas as câmaras nenhuma das 12 leis de apropriação que compõem o orçamento federal de gastos discricionários, o que levaria a uma paralisação total.
Com o shutdown, centenas de milhares de funcionários públicos são afetados. O escritório de orçamento da Casa Branca já alertou agências federais para prepararem planos de demissão em massa.
Após o início do mandato de Trump, o Departamento de Estado já anunciou a demissão de mais de 1,3 mil funcionários federais em outro movimento de redução da máquina pública em 2025.
Os serviços considerados essenciais, como aqueles voltados à proteção da vida e de propriedades, devem permanecer trabalhando. No entanto, outras divisões apresentam um plano de contingência para detalhar quantos funcionários e quais operações seguem em funcionamento.
Aqueles que seguirem em atividade nos serviços essenciais podem ter de trabalhar sem remuneração até que o impasse seja resolvido.
De acordo com documento do Departamento de Estado dos EUA obtido pela CNN Internacional, dos 27 mil funcionários com contrato direto com o órgão, menos da metade (cerca de 10 mil) se enquadram nos cargos que não seriam afetados pela paralisação.
A economia americana, que já vive momentos de incerteza, também pode sofrer impactos. Uma paralisação de cinco semanas em 2018-2019 levou à perda estimada de US$ 3 bilhões no crescimento econômico do país no período.
O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos também informou nesta segunda (29) que suspenderá a divulgação do relatório mensal de empregos de setembro, marcada para sexta-feira (3), em caso de paralisação.
O indicador é considerado fundamental para definição da política monetária do Federal Reserve e as decisões quanto à trajetória dos juros.
O líder dos Democratas no Senado, Chuck Schumer, estaria discutindo um acordo provisório de Orçamento com duração de sete a dez dias para estender negociações, segundo fontes ouvidas pela CNN Internacional.
Uma das principais verbas da qual Schumer busca acordo é relacionada à saúde.
O presidente Donald Trump se reuniu com democratas nesta segunda-feira (29) para discutir possível acordo. O líder do partido de oposição no Senado americano, Chuck Schumer, havia dito neste domingo (28) que o encontro seria um “bom primeiro passo”.
Após a reunião, Schumer afirmou que ainda existem “diferenças muito grandes” entre os partidos.
“Acho que pela primeira vez, o presidente ouviu nossas objeções, por que precisávamos de um projeto de lei bipartidário”, relatou. O líder argumenta que os democratas não tiveram qualquer participação no projeto de lei proposto pelo Partido Republicano.
Já o presidente da Câmara, Mike Johnson, disse que Trump estava agindo “de boa fé” durante as discussões, ao pedir uma resolução contínua.
O vice-presidente dos EUA, JD Vance, disse mais cedo acreditar que o shutdown deve acontecer.