Setor aposta em COP30 para anúncio da abertura do mercado de carne no Japão

O setor de carne bovina brasileiro vê na COP 30, que será realizada em novembro em Belém (PA), uma oportunidade diplomática para destravar a abertura do mercado japonês.

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, afirmou que as agendas recentes entre os dois países criaram um ambiente favorável.

“Houve fatos concretos que nos levam a crer que haverá abertura do mercado do Japão… é claro que isso está tudo em negociação ainda com o Ministério da Agricultura brasileiro, que é o órgão responsável por negociar com o governo japonês a abertura do mercado. Mas a gente costuma dizer que existe um momento diplomático para haver esse anúncio. O momento diplomático está dado, e eu acho que é na COP, com a visita do primeiro-ministro japonês”, disse em coletiva de imprensa nesta terça-feira (9).

Em março deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve no Japão após seis anos sem o país lançar um convite para visita de Estado para qualquer nação. Na ocasião, foram assinados tratados de cooperação em diversas áreas, inclusive a agropecuária.

Após o encontro, uma comitiva japonesa esteve no Brasil para averiguar os frigoríficos do país. O Japão é um dos países mais rigorosos em critérios sanitários sobre carne bovina do mundo.

Além do Japão, Perosa ressaltou que o foco total das exportações brasileiras está na Ásia, onde se concentra o crescimento da população e da demanda por proteína.

Ele citou a China como principal destino, a Indonésia, que neste ano habilitou 17 novas plantas e abriu espaço para miúdos e carne com osso, e a expectativa de que o Vietnã habilite até 18 novas unidades nos próximos dias.

Filipinas e Malásia também aparecem como mercados em expansão, especialmente para produtos como miúdos, de alto valor agregado no continente.

Segundo ele, a vantagem brasileira está em direcionar excedentes que não têm consumo interno para países que valorizam esses cortes.

“Quem já foi no Japão sabe: numa churrascaria, em vez de servir a picanha fatiada como aqui, servem a língua fatiada, e é considerada um churrasco gourmet. Então, é costume. Se servir a língua aqui, poucas pessoas vão comer, mas lá é um produto valorizado. É essa a estratégia da indústria bovina brasileira”, disse.

Em agosto, uma missão do Ministério da Agricultura ao Japão reforçou as tratativas para acelerar o processo de abertura, que já se arrasta há mais de 20 anos em razão de exigências sanitárias.

Segundo fontes, o governo também tem a expectativa de que a decisão ocorra ainda em 2025, aproveitando a janela diplomática criada pela COP 30 em Belém.

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