Roberto Carlos bate carro em gravação; entenda o que pode ter causado falha

O cantor Roberto Carlos, 84, se envolveu em um incidente durante a gravação do clipe de abertura de seu especial de fim de ano da TV Globo, em Gramado (RS). Segundo informações oficiais, o Cadillac Eldorado que o artista conduzia apresentou uma falha no sistema de freios, o que resultou em uma situação de colisão com outros veículos.

O modelo utilizado na gravação é um carro antigo, equipado com tecnologias de frenagem diferentes das encontradas nos veículos mais modernos. De acordo com o técnico em automobilística Anderson Cesar Lira, sistemas de freio mais antigos operam basicamente de forma mecânica e hidráulica, sem os recursos eletrônicos que hoje auxiliam o motorista em situações de emergência.

“Os veículos, de maneira geral, eles podem ter sistema de freio, seja mecânico, puramente mecânico, dos carros mais antigos, com sistemas de alavanca”, explica o especialista. Com a evolução tecnológica, esses sistemas passaram a contar com acionamento hidráulico.

Como o sistema de freio funciona?

No funcionamento básico, ao pisar no pedal de freio, o motorista aciona o cilindro mestre, que bombeia o fluido de freio até as rodas.

“O fato é que quando o motorista pisa no pedal de freio, ele tá fazendo com que o óleo que tá no reservatório seja bombeado pelo cilindro mestre”, afirma Lira. Esse fluido atua sobre pastilhas ou lonas, que entram em atrito com discos ou tambores para reduzir a velocidade do veículo.

Em carros antigos, como o Cadillac Eldorado, é comum o uso de freio a tambor nas quatro rodas, sistema que exige maior cuidado. “Os carros bem mais antigos, eles usavam freio a tambor nas quatro rodas”, destaca o técnico.

Esse tipo de conjunto, segundo Lira, é menos eficiente do que os sistemas a disco e mais sensível a falhas quando há desgaste ou falta de manutenção.

Batatinha Garage foi a empresa que fez a restauração do carro • Batatinha Garage/Reprodução
Batatinha Garage foi a empresa que fez a restauração do carro • Batatinha Garage/Reprodução

O que pode ter acontecido?

Entre as possíveis causas de falha estão vazamentos de fluido, entrada de ar no sistema e problemas no cilindro mestre.

Ainda de acordo com Lira, pode haver também vazamento interno no cilindro mestre. “Isso ocasiona que o pedal de freio vai ser pressionado pelo motorista. O pedal vai descer, mas a pressão do fluído não vai chegar suficiente nas rodas”, diz. Nessa condição, o motorista sente o pedal mais “fofo”, mas o carro não reduz a velocidade como esperado.

Outro ponto importante é o servofreio, responsável por reduzir o esforço no pedal. Ele utiliza o vácuo gerado pelo motor para auxiliar a frenagem. “Existe também um tema que é o vácuo, a gente chama de servofreio ou comumente chamado de hidrovácuo, e ele torna o pedal de freio mais leve”, explica Lira. Quando há falha nesse sistema, o pedal fica mais rígido, exigindo mais força para frear.

Entenda falha no veículo de Roberto Carlos • Getty Images
Entenda falha no veículo de Roberto Carlos • Getty Images

Em situações específicas, como subidas ou quando o motor perde rotação, esse auxílio pode deixar de funcionar. “Então, o pedal de freio fica mais duro quando o motor está desligado, mas quando você liga o motor, o pedal de freio ele fica mais leve”, detalha o especialista. Em veículos antigos, essa mudança repentina pode surpreender o condutor.

A ausência de sistemas eletrônicos, como o ABS, também aumenta o risco em frenagens bruscas. “Um carro que não tem controle eletrônico, que não usa, por exemplo, o sistema ABS, ele pode arrastar durante uma frenagem brusca”, afirma Lira.

Diferentemente dos modelos modernos, esses carros não contam com sensores e módulos que modulam a pressão de frenagem para evitar o travamento das rodas.

Como evitar problemas?

Para evitar esse tipo de ocorrência, a manutenção preventiva é considerada fundamental. Entre elas estão a troca periódica do fluido de freio, inspeção de vazamentos, avaliação do estado de pastilhas, lonas, discos e tambores, além do teste do servofreio.

Apesar do susto durante a gravação, o incidente reacende o alerta sobre o uso de veículos clássicos em situações que exigem plena confiabilidade mecânica.

“Nós temos que ter um cuidado ainda redobrado, porque se a gente perder a ação de bombeamento do sistema hidráulico, aí naturalmente a gente perde o freio. […] Sem ter nenhum aviso, porque não tem nenhum controle eletrônico”, acrescenta o especialista.

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