Reino Unido quer acordo “forte” com Mercosul, diz ministro britânico à CNN

O Reino Unido quer avançar “rapidamente” em um acordo de livre comércio com o Mercosul e pede que o Brasil, considerado pelos britânicos a “parte central” do bloco, confirme se esse interesse é mútuo.

Em entrevista à CNN, o ministro de Comércio do Reino Unido, Sir Chris Bryant, afirmou que “amaria” ver um acordo “forte” com o Mercosul. E que, caso o Brasil sinalize apoio, as negociações podem caminhar com agilidade.

“Eu amaria ver um forte acordo de livre comércio entre Mercosul e Reino Unido. Há uma parte de mim pensando: vamos lá, Brasil, você é o maior player nisso. Você realmente quer que isso aconteça? Se sim, nos diga agora, e vamos progredir rapidamente”, disse o ministro.

Bryant afirmou que alguns trâmites burocráticos e etapas naturais da negociação poderiam ser aceleradas, já que parte do processo é semelhante ao tratado comercial do Mercosul com a União Europeia, recentemente concluído.

“Não quero que isso demore 25 anos”, brincou, em referência à longa negociação entre os sul-americanos e europeus.

Autoridades brasileiras estimam que o acordo Mercosul-UE será finalmente assinado em dezembro.

O ministro também lembrou o recém-assinado tratado de livre comércio entre Mercosul e Efta – grupo formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein – como um precedente que pode facilitar as negociações.

Na avaliação de Bryant, um acordo com o bloco teria peso estratégico, dada a liderança do Brasil na América Latina e nos Brics, além da relevância britânica no mundo ocidental.

“Se pudermos firmar um acordo, isso será positivo para o mundo. O presidente Lula e o Brasil são absolutamente centrais para garantir que isso aconteça”, argumentou.

Segundo ele, não estão descartados tratados bilaterais com o Brasil caso um entendimento mais amplo com o Mercosul não avance, mas a prioridade é um acordo abrangente.

Tarifaço de Trump

Sir Chris Bryant também comentou o “tarifaço” imposto por Donald Trump aos parceiros comerciais dos Estados Unidos desde que o presidente americano voltou à Casa Branca.

Nesse ponto, Brasil e Reino Unido estão em posições opostas: os brasileiros foram sobretaxados em 50% – a maior alíquota entre todos os países –, enquanto os britânicos foram tarifados em 10%.

Londres e Washington fecharam um acordo que reduz as tarifas sobre produtos automotivos e aeroespaciais do Reino Unido.

Apesar disso, o ministro afirmou à CNN que, no cenário ideal, as tarifas deveriam ser zeradas e que alguns pontos do acordo com os Estados Unidos ainda podem ser revistos.

Bryant destacou que as tarifas impostas por Trump não estão entre os principais motivos para estreitar laços comerciais com o Brasil.

“Existem muitos argumentos sobre se deveríamos fazer um acordo com o Mercosul.  E essa (tarifas de Trump) não é a razão principal. Para mim, o principal motivo é que não fazemos comércio suficiente. Seria bom para as nossas duas economias se fizéssemos mais comercio”, disse.

Agro acompanha de perto

Em 2024, o fluxo de comércio entre Brasil e Reino Unido somou aproximadamente US$ 6,2 bilhões. Entre os principais produtos exportados pelo Brasil estão ouro, soja e café. Do lado das importações, destacam-se medicamentos, obras de ferro ou aço e bebidas alcoólicas.

Naturalmente, um dos principais interessados no acordo seria o agronegócio brasileiro, já que o Reino Unido é um grande importador de alimentos em razão de suas condições climáticas.

Adidos agrícolas frequentemente apontam novas oportunidades de mercado no país.

Hoje, devido a barreiras tarifárias e não tarifárias, alguns produtos brasileiros praticamente não conseguem competir no mercado britânico, onde a disputa muitas vezes acontece com países europeus – como Espanha e Portugal – que enfrentam poucas ou nenhuma restrição comercial.

O ministro ainda acrescentou que o Reino Unido gostaria de trabalhar com o Brasil para reformar e fortalecer a OMC (Organização Mundial do Comércio).

‘“Não sou um protecionista, sou apaixonado pelo livre comércio”, disse o ministro.

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