O cantor de brega brasileiro Lindomar Castilho, mais conhecido como “Rei do Bolero”, morreu neste sábado (20), aos 85 anos. A notícia foi confirmada pela filha dele, Liliane De Grammont, em uma publicação no Instagram, que não revelou a causa. A carreira do artista foi marcada pelo grande sucesso na música e por uma tragédia.
O artista teve uma carreira de grande sucesso na década de 1970 e era um dos maiores vendedores discos daquela época. Ele gravou músicas de sucesso como “Vou Rifar Meu Coração”, “Eu Amo a Sua Mãe” e “Você é Doida Demais”, que ficou mais famosa na abertura da série “Os Normais”, da TV Globo, entre os anos 2001 e 2003, com Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães.
Lindomar Castilho nasceu em Rio Verde, no interior de Goiás, em 21 de janeiro de 1940, e chegou a trabalhar na polícia como escrivão. Anos depois, ele lançou o primeiro disco, em 1962, chamado “Canções que Não se Esquecem”, no qual interpretava músicas de Vicente Celestino.
O cantor conquistou um público cativo ao gravar boleros, sambas-canção, além de outros ritmos mais românticos, o que destacou a voz mais dramática de Lindomar.
O álbum mais recente gravado pelo artista foi “Lindomar Castilho Ao Vivo”, lançado em 2000, no auge do forró e do brega no Brasil.
Assassinato da própria esposa
Lindomar foi casado com Eliane de Grammont entre 1979 e 1981, quem ele conheceu nos corredores da gravadora RCA, e os dois tiveram uma filha, Liliane, quem fez o anúncio da morte dele. O artista sempre se mostrou um homem possessivo e ciumento, o que se agravou ainda mais pelo alcoolismo. O casal passou a viver uma vida conturbada e ela chegou a pedir o desquite após agressões físicas.
Quando os dois já haviam se separado e o cantor estava no topo das paradas, no dia 30 de março de 1981, Lindomar invadiu o bar Belle Époque, em São Paulo, onde a esposa se apresentava, e deu cinco tiros enquanto ela estava ainda no palco.
Eliane cantava a música “João e Maria”, de Chico Buarque, exatamente nos versos “agora era fatal, que o faz de conta terminasse assim”, quando foi atingida pelos tiros. A motivação do crime foi o ciúme que sentia do violonista Carlos Randall, primo de Lindomar, que se apresentava com ela na noite paulistana. Ela morreu a caminho do hospital, aos 26 anos.
No post que anunciou a morte do pai, Lili relembrou o passado trágico na família que a deixou órfã de mãe ainda pequena.
“Ele é só mais um ser humano que se desviou com sua vaidade e narcisismo. E ao tirar a vida da minha mãe também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira”, escreveu ela.
Carlos Randall, que levou um tiro e sobreviveu, deu uma entrevista ao podcast do jornalista Piunti em 2022, e falou que não se sente apto a perdoar Lindomar. Depois do crime, o violonista precisou se afastar dos palcos para se recompor.
“Você precisa de um tempo para assentar. Você precisa se recompor, a ficha demora para cair, começa a pensar sobre o que poderia ter feito de diferente”, comentou.
O “Rei do Bolero” foi preso em flagrante e condenado, em 1984, por homicídio. Ele ficou em regime fechado até 1986, passou para o semiaberto e ficou livre da prisão em 1996.
Lili também comentou que não existe uma resposta exata quando o assunto é ter perdoado o pai ou não. Para ela, Lindomar era um homem com uma masculinidade tóxica que precisava ser transformada.
“Se eu perdoei? Essa resposta não é simples como um sim ou não, ela envolve tudo e todas as camadas das dores e delícias de ser, um ser complexo e em evolução. Diante de tudo isso, desejo que a alma dele se cure, que sua masculinidade tóxica tenha sido transformada”, pontuou.
