Premiê britânico fala sobre boatos de suposto plano para tirá-lo do cargo

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, foi forçado nesta quarta-feira (12) a responder a relatos de que rivais dentro de seu próprio partido Trabalhista estariam tramando substituí-lo na liderança — apenas duas semanas antes do anúncio do orçamento do governo, que pode piorar ainda mais seus já péssimos índices nas pesquisas.

Vários meios de comunicação britânicos citaram aliados de Starmer na noite de terça-feira (11) dizendo que seu cargo poderia estar sob ameaça imediata e destacando Wes Streeting, o secretário de Saúde, como um possível desafiante cuja “ambição” estaria sendo vista com “suspeita particular”. Esses mesmos aliados informaram que Starmer lutaria contra qualquer tentativa de destituí-lo da liderança.

Streeting descartou os relatos como “bobagem autodestrutiva”, dizendo à imprensa britânica que “não via nenhuma circunstância em que faria isso com o nosso primeiro-ministro”. Ele acusou os responsáveis pelos vazamentos — as informações repassadas à imprensa — de tentarem “sabotar” sua reputação.

Na tarde de quarta-feira, o que poderia ter permanecido como simples fofoca política se transformou em uma crise em grande escala.

Acusado pela líder conservadora Kemi Badenoch de comandar uma cultura “tóxica” em Downing Street, Starmer foi obrigado a responder aos relatos de que seus próprios aliados estariam vazando informações contra membros seniores de seu governo.

Starmer disse ao parlamento que não havia autorizado os vazamentos negativos contra seus colegas. “Eu os nomeei para seus cargos porque são as melhores pessoas para desempenhar suas funções”, afirmou. “Qualquer ataque a qualquer membro do meu gabinete é completamente inaceitável.”

A mais recente crise a atingir o governo ocorre antes do anúncio do orçamento em 26 de novembro, quando se espera que o partido Trabalhista, para preencher um buraco fiscal, quebre uma promessa eleitoral importante ao aumentar a alíquota básica do imposto de renda pela primeira vez em meio século.

A chanceler Rachel Reeves indicou que tanto aumentos de impostos quanto cortes nos gastos são possíveis ao apresentar seus planos para o ano seguinte, com o objetivo de reduzir a dívida do governo. Isso provavelmente provocará novos ataques de Nigel Farage, cujo partido anti-imigração Reform UK tem liderado o Trabalhista nas pesquisas nacionais há meses.

A popularidade de Starmer despencou logo após a vitória esmagadora do Trabalhista nas eleições gerais de julho de 2024. Segundo a YouGov, empresa de pesquisa, apenas 17% dos britânicos aprovam o trabalho que Starmer está fazendo como primeiro-ministro, enquanto 73% desaprovam.

A decisão dos aliados de Starmer de vazar informações contra Streeting, o ministro responsável por recuperar o enfraquecido Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS), deixou muitos políticos do partido Trabalhista perplexos e desprevenidos, levantando dúvidas sobre o controle do primeiro-ministro sobre sua equipe em Downing Street.

“As pessoas estão completamente confusas”, disse à CNN um deputado trabalhista, sob condição de anonimato. “Ninguém entende exatamente de onde veio esse vazamento.”

Os parlamentares também estão intrigados com o momento escolhido para o vazamento.

Após 16 meses instáveis no cargo, que fizeram de Starmer um dos primeiros-ministros britânicos mais impopulares já registrados, deputados trabalhistas haviam sinalizado anteriormente que o primeiro-ministro não enfrentaria um desafio sério à liderança até depois das eleições locais em maio de 2026, dando ao governo tempo para tentar reverter sua queda nas pesquisas.

Mas o vazamento de terça-feira à noite levantou a possibilidade de que Starmer poderia enfrentar um desafio à liderança após o orçamento.

Apesar da negação de Streeting de que esteja tentando disputar a liderança do Partido Trabalhista, um site chamado “Wes for Leader” (Wes para líder, em tradução livre) foi criado na terça-feira. A CNN solicitou um comentário ao gabinete de Streeting.

Rumores sobre um desafio à liderança haviam circulado pela última vez em setembro, quando Andy Burnham – ex-deputado e atual prefeito da Grande Manchester – lançou uma tentativa audaciosa e fracassada de questionar a abordagem de Starmer na véspera da conferência anual do Partido Trabalhista.

No entanto, destituir um líder trabalhista é difícil, já que qualquer desafiante precisaria do apoio de 20% dos membros do parlamento do partido, o que significa que 80 parlamentares teriam que concordar com um candidato alternativo.

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