A polarização política nos Estados Unidos tem impedido discussões cruciais sobre a gestão da dívida pública e o déficit fiscal do país. O debate sobre responsabilidade fiscal, que já foi tema central em administrações anteriores, praticamente desapareceu da agenda política americana. É o que avalia o professor Mauricio Moura, da Universidade George Washington, no WW Especial.
Desde a flexibilização dos gastos públicos durante a pandemia de Covid-19, o tema da administração do déficit tem sido raramente abordado em campanhas eleitorais globais. “Nunca se debateu as potenciais soluções para se administrar esta dívida no curto, no médio e no longo prazo”, destaca o professor. Moura confirma que, no mundo todo, apenas as campanhas eleitorais da Grécia e da Argentina deram destaque significativo às questões fiscais.
Ausência de debate nas eleições americanas
Durante as campanhas eleitorais de 2024 nos Estados Unidos, marcadas por intensa polarização, o tema da gestão da dívida americana não foi abordado em nenhum debate ou nas convenções partidárias, tanto democrata quanto republicana. “Não é uma pauta da opinião pública, e se essa coisa se deixar levar pelo clima político polarizado e pelo baixo debate, há um custo”, diz o professor. “Os EUA depende da administração da dívida de forma saudável para recuperar recursos”.
Há uma década, existia uma facção do Partido Republicano no Congresso americano que demonstrava preocupação com o déficit fiscal. No entanto, o cenário atual pós-pandemia revela uma mudança significativa nessa postura, com a polarização política impedindo discussões construtivas sobre o tema. A situação atual, que inclui o recente shutdown do governo americano, evidencia como questões fiscais deixaram de ser prioridade na pauta política.