Pelo menos 20 palestinos foram mortos nesta quarta-feira (16) em um local de distribuição de ajuda administrado pela GHF (Fundação Humanitária de Gaza), no que o grupo apoiado pelos Estados Unidos disse ter sido uma onda de protestos instigada por agitadores armados.
A GHF, apoiada por Israel, afirmou que 19 pessoas foram pisoteadas e uma foi fatalmente esfaqueada durante a concentração em um de seus centros em Khan Younis, no sul de Gaza.
“Temos motivos plausíveis para acreditar que elementos da multidão – armados e afiliados ao Hamas – fomentaram deliberadamente a agitação”, afirmou a fundação em um comunicado.
Não houve comentários imediatos do Hamas.
Autoridades de saúde palestinas disseram à agência de notícias Reuters que 21 pessoas morreram sufocadas no local. Um médico declarou que muitas pessoas ficaram espremidas em um pequeno espaço e foram esmagadas.
Na terça-feira (15), o escritório de direitos humanos da ONU em Genebra informou ter registrado pelo menos 875 assassinatos nas últimas seis semanas nas proximidades de postos de ajuda humanitária e comboios de alimentos em Gaza – a maioria deles perto de pontos de distribuição do GHF.
A maioria dessas mortes foi causada por tiros, que os moradores locais atribuíram ao exército israelense.
O Exército reconheceu que civis palestinos foram feridos perto de centros de distribuição de ajuda humanitária, afirmando que as forças israelenses receberam novas instruções com “lições aprendidas”.
O GHF utiliza empresas privadas de segurança e logística dos EUA para levar suprimentos a Gaza, ignorando amplamente um sistema liderado pela ONU que, segundo Israel, permitiu que militantes liderados pelo Hamas saqueassem carregamentos de ajuda humanitária destinados a civis. O grupo nega a acusação.
A ONU considerou a organização inseguro e uma violação dos padrões de imparcialidade humanitária — uma alegação que a fundação negou.
Amjad Al-Shawa, diretor da Rede de ONGs Palestinas, acusou o GHF nesta quarta-feira (16) de grave má gestão, afirmando que a falta de controle de multidões e a incapacidade de defender os princípios humanitários levaram ao caos e à morte de civis desesperados.
“As pessoas que se aglomeram aos milhares (nos locais do GHF) estão famintas e exaustas, e ficam espremidas em lugares apertados, em meio à escassez de ajuda e à ausência de organização e disciplina por parte do GHF”, disse ele à Reuters.
A guerra em Gaza, desencadeada em outubro de 2023 por um ataque mortal do Hamas contra Israel, devastou grandes áreas do enclave costeiro, deslocou quase toda a população do território e levou à fome e à privação generalizadas.