A política comercial internacional enfrenta novos desafios com a possibilidade de Donald Trump impor tarifas adicionais a países que mantêm relações comerciais com a Rússia. A medida afetaria especialmente nações que compram petróleo, gás e fertilizantes russos, como Brasil, China e Índia.
As motivações por trás das ações tarifárias de Trump são múltiplas e interligadas. Inicialmente focadas no reequilíbrio comercial dos Estados Unidos com o mundo, as medidas expandiram-se para incluir questões geopolíticas e setoriais específicas, como o caso do fentanil com o México e disputas com o Canadá.
Impacto no Brasil
O Brasil enfrenta uma situação particularmente delicada, especialmente no setor de fertilizantes. O país, como terceiro maior produtor mundial de alimentos, depende significativamente dos fertilizantes russos, e não há alternativas de fornecimento em escala similar no curto prazo. Uma interrupção nesse comércio poderia resultar em redução da produção agrícola e aumento global nos preços dos alimentos.
O Itamaraty trabalha em duas frentes principais: buscar incluir mais setores na lista de exceções às tarifas já anunciadas, com foco especial em café e carne, e tentar evitar sanções adicionais relacionadas ao comércio com a Rússia. A diplomacia brasileira argumenta que restrições aos fertilizantes poderiam ter consequências globais negativas.
Cenário Internacional
O momento atual remete à década de 1930, quando políticas comerciais protecionistas reduziram o comércio mundial em dois terços. As atuais medidas de Trump, consideradas principalmente políticas e não comerciais, geram preocupação sobre possíveis impactos na economia global.
A União Europeia já recebeu sinalizações de que ficará fora das novas tarifas, apesar de ainda comprar mais de 20% do gás russo. A Turquia, membro da Otan e importante compradora de petróleo russo, também pode ser poupada devido a interesses estratégicos americanos.