Milhares de crianças foram internadas para o tratamento de desnutrição aguda em Gaza desde o cessar-fogo entre Israel e Hamas, informou a agência da ONU para a infância nesta terça-feira (9).
A Unicef, a maior provedora de tratamento de desnutrição em Gaza, disse que 9.300 crianças foram tratadas com desnutrição aguda grave em outubro, quando entrou em vigor a primeira fase de um acordo para acabar com a guerra no Oriente Médio.
Embora esse número tenha caído em relação ao pico de mais de 14 mil em agosto, ele ainda é significativamente maior do que o registrado durante o breve cessar-fogo de fevereiro-março e indica que o fluxo de ajuda continua insuficiente, disse a porta-voz do Unicef Tess Ingram em uma coletiva de imprensa em Genebra.
“Ainda é um número chocantemente alto”, afirmou ela.
“O número de crianças admitidas é cinco vezes maior do que em fevereiro, por isso precisamos ver os números diminuírem ainda mais”, complementou.
Segundo a Unicef, o território está recebendo ajuda humanitária, mas segundo a porta-voz o processo ainda enfrenta obstáculos, como atrasos, recusas das cargas nos cruzamentos, fechamento de rotas e desafios contínuos de segurança.
“Observamos algumas melhorias, mas continuamos a pedir que todas as passagens disponíveis para a Faixa de Gaza sejam abertas”, acrescentou. “Não há suprimentos comerciais suficientes entrando em Gaza”, contou ela, dizendo que carne ainda tem um valor elevado, custando cerca de US$20 o quilo.
“A maioria das famílias não tem acesso, e é por isso que ainda estamos vendo altos índices de desnutrição”, disse ela.
Em agosto, um monitor de fome apoiado pela ONU determinou que as condições de fome estavam afetando cerca de meio milhão de pessoas — ou um quarto da população de Gaza.
As crianças foram gravemente afetadas pela fome à medida que a guerra avançava, com especialistas alertando que os efeitos poderiam causar danos duradouros.