O nome de Cleberson Paulo dos Santos, conhecido como “Mimo”, apareceu em 2019 em uma carta manuscrita apreendida pela Polícia Civil de São Paulo durante investigações contra o Primeiro Comando da Capital (PCC).
O documento, assinado pela “Sintonia Geral” da facção, determinava ataques contra autoridades públicas e incluía como alvo o então delegado-geral da Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes.
Foragido desde 2022, após não retornar de uma saída temporária, “Mimo” foi localizado nesta terça-feira (23) por equipes do 3º Batalhão de Polícia de Choque – Humaitá, na Vila Curuçá, zona leste de São Paulo. Segundo a PM, ele reagiu à abordagem atirando contra os policiais, que revidaram. Baleado, não resistiu.
Apesar da presença do vulgo de Cleberson na carta, a Polícia Civil ainda não confirmou se o suspeito teve, de fato, envolvimento na morte do ex-delegado.
Na época, Cleberson foi identificado como integrante do chamado “Bonde dos 14”, célula responsável pelo controle de pontos de drogas e ações criminosas na zona leste da capital paulista.
Segundo o Ministério Público, ele atuava como disciplina da facção, função encarregada de fiscalizar e punir integrantes em liberdade que não cumprissem as ordens da cúpula.
Carta da facção
O documento, obtido durante a prisão em flagrante de um integrante da facção, listava missões de execução e foi atribuído ao “Sintonia Geral”, núcleo de liderança da organização criminosa.
Também foram citados investigadores da Polícia Civil e outros agentes de segurança. O texto deixava claro que as ordens partiam da alta cúpula e que o descumprimento das missões implicaria punição com a própria vida dos envolvidos.
“Em cima dessa caminhada, a sintonia deixa ciente que se não for concluída cada missão, a cobrança com nossos irmãos será a altura pagando com a própria vida”, escreveram os criminosos.
Morte de Ruy Ferraz
O crime ocorreu após uma perseguição em alta velocidade, culminando com o ex-delegado sendo alvejado por mais de 20 tiros de fuzil dentro do carro capotado, na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas.
A Justiça expediu nesta terça-feira (23), o oitavo mandado de prisão por envolvimento na execução. Quatro pessoas já foram presas e outros quatro investigados são procurados.
De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo), também foram cumpridos novos mandados de busca e apreensão e oitivas de testemunhas. Os laudos periciais estão em elaboração e serão analisados.