Uma pesquisa inédita sobre clima e saúde mostra que os efeitos do aquecimento global já são sentidos no cotidiano da população da Amazônia Legal. Segundo o levantamento “Mais Dados Mais Saúde – Clima e Saúde na Amazônia Legal”, 32% dos moradores afirmam ter sido diretamente afetados pelas mudanças climáticas.
Entre povos e comunidades tradicionais, como indígenas e ribeirinhos, o número é ainda maior: 42%. O estudo avaliou a opinião de aproximadamente 4 mil pessoas nos nove estados da Amazônia Legal, entre maio e julho deste ano.
Os principais impactos relatados foram o aumento da temperatura média (82,4%), o aumento da conta de energia elétrica (83,4%) e da poluição do ar (75%). Também foram citados a maior ocorrência de desastres ambientais (74,4%) e o aumento dos preços dos alimentos (73%).
De acordo com o levantamento, cerca de dois terços da população (64,7%) disseram ter enfrentado ondas de calor nos últimos dois anos. Outros relataram ter vivido secas prolongadas (29,6%), incêndios florestais (29,2%) e piora da qualidade do ar (26,7%).
A pesquisa aponta que as comunidades tradicionais são as mais vulneráveis. Entre elas, 24,1% disseram ter notado piora na qualidade da água e 21,4% tiveram problemas na produção de alimentos. Na população em geral, esses índices foram de 16,5% e 13,8%.
Rotina de mudanças climáticas
Segundo os pesquisadores, os dados mostram que as mudanças climáticas deixaram de ser um tema distante e já fazem parte da rotina da região. A pesquisa foi realizada pela Umane e pela Vital Strategies, com apoio do Instituto Devive.
Identificamos que um terço dos moradores da Amazônia Legal já sofreu impactos diretos do clima e que a maioria depende exclusivamente do SUS para atendimento.
O estudo revela ainda que nove em cada 10 moradores da Amazônia acreditam que o planeta já vive um aquecimento global. Metade da população (53%) disse ter mudado hábitos para ajudar a reduzir os impactos do clima, e 64% afirmaram separar o lixo para reciclagem.
Aquecimento global ou mudança climática? Entenda a diferença
Essa é a primeira vez que um levantamento contempla residentes dos nove estados da Amazônia Legal com segmentação para população pertencente e não pertencente a povos e comunidades tradicionais. Os resultados estão disponíveis no Observatório da Saúde Pública da Umane.