O Mounjaro, caneta injetável para tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade, se mostrou eficaz e seguro para crianças e adolescentes entre 10 e 18 anos em novo estudo divulgado nesta quinta-feira (18). Os resultados do trabalho foram apresentados no Encontro Anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD) e publicados na revista científica The Lancet.
O estudo SURPASS-PEDS foi o primeiro a avaliar a segurança e eficácia da tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, em pacientes com diabetes tipo 2 nessa faixa etária. O trabalho envolveu 99 participantes dos Estados Unidos, Austrália, Brasil, Índia, Israel, Itália, México e Reino Unido, todos eles com a doença não controlada com outras opções de tratamento, como metformina, insulina basal ou ambos.
Segundo o trabalho, o Mounjaro foi capaz de reduzir a hemoglobina glicada em uma média de 2,2% de uma linha basal média de 8,05%, em comparação ao placebo. Além disso, 86,1% dos participantes que receberam a dose de 10 mg atingiram a hemoglobina glicada alvo inferior a 6,5%.
O estudo também mostrou que o Mounjaro trouxe melhoras clínicas no índice de massa corporal (IMC), medida que avalia as mudanças de peso em crianças e adolescentes, considerando seu crescimento ao longo do tempo. A maior dose avaliada, de 10 mg de Mounjaro, reduziu o IMC em 11,2% em média em 30 semanas. As melhorias na hemoglobina glicada e as reduções no IMC continuaram por 52 semanas na extensão de longo prazo do estudo.
“Jovens que vivem com diabetes tipo 2 frequentemente enfrentam uma evolução da doença mais agressiva e em muitos casos os tratamentos de primeira linha, como a metformina e a insulina basal, não conseguem controlar adequadamente os níveis da hemoglobina glicada”, afirma Tamara Hannon, Diretora do Programa Clínico de Diabetes da Escola de Medicina da Universidade de Indiana e investigadora principal do estudo.
“Os resultados do SURPASS-PEDS mostram que Mounjaro proporcionou melhorias clínicas no açúcar no sangue, IMC e glicemia sérica de jejum em pacientes pediátricos. Esses resultados oferecem uma oportunidade favorável para mudar a trajetória de saúde a longo prazo em jovens que vivem com essa doença complexa”, completa.
De acordo com o estudo, o perfil de segurança geral do Mounjaro foi consistente com o de outros medicamentos da mesma classe. Os efeitos colaterais mais comuns encontrados nos participantes do estudo foram diarreia, vômito e dor abdominal, todos de leve a moderada intensidade. As taxas gerais de descontinuação do tratamento devido a esses efeitos foram de 6% (5 mg), 0% (10 mg) e 3% (doses agrupadas). Não foram observados episódios de hipoglicemia grave.
Os resultados do estudo chegam menos de 10 dias após o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgar um relatório mostrando que a obesidade, pela primeira vez, supera a desnutrição em crianças e adolescentes em idade escolar.
“Os resultados do SURPASS-PEDS mostram que Mounjaro resultou em melhorias estatisticamente relevantes na hemoglobina glicada, IMC e outros fatores de risco cardiometabólicos importantes, mantendo um perfil de segurança geralmente consistente com estudos em adultos. Ao realizar esta pesquisa, podemos apoiar melhor crianças e adolescentes que vivem com esta condição [diabetes tipo 2]”, afirma Kenneth Custer, vice-presidente executivo e presidente de Saúde Cardiometabólica da Lilly.
O Mounjaro é um medicamento injetável composto por tirzepatida, uma molécula agonista duplo de GLP-1 e GIP, hormônios gerados no intestino e liberados depois das refeições. Isso significa que o medicamento tem a capacidade de estimular a ação tanto do GLP-1, quanto do GIP, aumentando a produção de insulina pelo pâncreas para manter o controle do açúcar no sangue.
Em estudos realizados com adultos, o Mounjaro levou a uma perda de peso de 5 a 11 kg, com uma perda de peso relatada de 21,1% após 12 semanas e uma perda de peso média total de 26,6% ao longo de 84 semanas, de acordo com a Eli Lilly. Neste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do medicamento para obesidade, além da indicação já aprovada anteriormente para diabetes tipo 2.