O cantor John Michael “Ozzy” Osbourne, vocalista da banda britânica de heavy metal Black Sabbath, morreu aos 76 anos, segundo a declaração da família.
“É com mais tristeza do que meras palavras podem expressar que temos que informar que nosso querido Ozzy Osbourne faleceu nesta manhã. Ele estava com sua família e cercado de amor. Pedimos a todos que respeitem a privacidade da nossa família neste momento”, pontua o comunicado.
O motivo da morte não foi confirmado, mas o astro do rock sofria com as consequências do Parkinson e estava com a mobilidade reduzida, segundo postagem da filha Kelly Osbourne de 13 de julho.
No dia 5 de julho, Ozzy e o Black Sabbath se apresentaram para dezenas de milhares de fãs em um emocionante show de despedida em Birmingham no dia 5 de julho, após um dia repleto de shows tributos com um line-up repleto de estrelas.
O show foi um evento chamado Back to the Beginning (de volta para o começo, em tradução livre) e foi a primeira apresentação do Black Sabbath em duas décadas. Foi anunciado como a “última reverência” de Osbourne, de acordo com o site oficial da banda.
Conhecido como “Príncipe das Trevas” e “Padrinho do Heavy Metal”, ele começou a carreira tocando os sucessos do Black Sabbath, de “Paranoid” a “War Pigs” e “Sabbath Bloody Sabbath”.
Essas músicas, somadas a uma série de lançamentos solo, lhe renderam mais de 100 milhões de discos vendidos em todo o mundo.
Os riffs e os temas pesados – da depressão à guerra e ao apocalipse – eram combinados com um instinto para o teatro de Halloween.
Osbourne era alvo frequente de grupos conservadores e religiosos que estavam preocupados com o impacto negativo do rock nos jovens.
Ele sempre reconheceu os excessos de seu estilo de vida e de suas letras, mas negava os relatos mais ousados de que ele era um “adorador do diabo”.
“Fiz algumas coisas ruins na minha vida. Mas não sou o diabo. Sou apenas John Osbourne: um garoto da classe trabalhadora de Aston que largou o emprego na fábrica e foi em busca de diversão”, disse ele em uma biografia de 2010.
Quem foi Ozzy Osbourne?
John Michael Osbourne nasceu em 3 de dezembro de 1948. Ele foi o quarto de seis filhos e cresceu em Aston, na cidade de Birmingham, no centro da Inglaterra.
Ele sofria de dislexia, abandonou a escola aos 15 anos, fez uma série de trabalhos braçais e, em certo momento, cumpriu uma breve pena de prisão por roubo.
“Quando eu era criança, se você me colocasse contra a parede com as outras crianças da minha rua e me perguntasse qual de nós chegaria aos 60 anos, com cinco filhos, quatro netos e casas em Buckinghamshire e na Califórnia, eu não apostaria em mim, de jeito nenhum”, comentou.
Então, veio o Black Sabbath.
Em 1967, Geezer Butler, baixista e principal letrista do Black Sabbath, formou um grupo – então chamado Rare Breed – e convidou Osbourne para se juntar a ele, juntamente com o guitarrista Iommi e o baterista Ward.
Após algumas mudanças de nome, a banda finalmente decidiu por Black Sabbath, porque, como Butler disse à revista Rolling Stone em 2016, “se as pessoas pagavam para sentir medo no cinema, o mesmo devia ser verdade nos shows”.
O primeiro álbum da banda, “Black Sabbath”, foi gravado em apenas dois dias em 1969, de acordo com a Rolling Stone.
“Assim que terminamos, passamos algumas horas gravando algumas partes da guitarra e dos vocais, e pronto”, escreveu Osbourne em sua autobiografia.
“Chegamos ao pub a tempo para os últimos pedidos. Não deve ter levado mais de 12 horas no total. É assim que os álbuns devem ser feitos, na minha opinião”, adicionou.
Ozzy, o Padrinho do Heavy Metal
A música alta e sombria do Black Sabbath tornou-se popular imediatamente.
O segundo álbum do grupo, “Paranoid”, lançado em 1970, disparou para o primeiro lugar na parada de álbuns do Reino Unido. O Black Sabbath não repetiu esse feito até o lançamento do álbum “13”, em 2013.
Mesmo com o apelido “Padrinho do Heavy Metal”, Ozzy preferia o título “Príncipe das Trevas”, que ele usava na conta do X.
“Eu nunca, jamais, jamais consegui me identificar com a palavra ‘heavy metal’ – ela não tem conotações musicais”, afirmou Osbourne à CNN em uma entrevista em 2013.
“Se fosse rock pesado, eu conseguiria, mas os anos 70 eram meio blues, os anos 80 eram meio cabelo com glitter, roupas multicoloridas, e os anos 90 eram meio grunge”, adicionou.
Osbourne foi demitido do Black Sabbath em 1979, depois que o grupo já havia gravado oito álbuns juntos, devido aos seus problemas com álcool e drogas.
Mas ele seguiu em frente com uma carreira solo de sucesso, lançando mais 11 álbuns. Ele retornou à banda em 1997.
Polêmicas e mordida em morcego
O caso da mordida em um morcego ocorreu no show solo de Ozzy no Auditório Memorial dos Veteranos em Des Moines, em Iowa, nos Estados UNidos, em 20 de janeiro de 1982, durante a turnê “Diary of a Madman”.
Mais tarde, ele explicou que achava que o morcego era de borracha.
O caso o perseguiria durante o resto da carreira: “Toda vez que dou uma entrevista, me perguntam: ‘Qual é o gosto de morcego, Ozzy?’. Tipo a comida da minha sogra”, disse ele ao Today Show da NBC, em 1987.
Além disso, problemas do artista com bebida e abuso de drogas também repercutiram, tendo sido motivo do divórcio do cantor com a primeira esposa, Thelma Mayfair.
Também problemático era o relacionamento com o sogro e ex-empresário Don Arden, que havia gerenciado alguns dos maiores artistas das décadas de 1960 e 1970, incluindo Jerry Lee Lewis e Little Richard.
Ozzy conhecia a filha de Arden, Sharon, desde a adolescência.
Eles começaram um relacionamento em 1979, quando ela tinha 28 anos, o que foi desaprovado pelo empresário.
“Deveria ter morrido mil vezes”
“Olhando para trás, eu deveria ter morrido mil vezes, mas nunca morri”, disse Ozzy Osbourne no documentário “God Bless Ozzy Osbourne” (Deus abençoe Ozzy Osbourne, em tradução livre), de 2011.
As drogas e o álcool também levaram à violência doméstica e abuso.
Em uma entrevista à CNN em 2011, Sharon Osbourne falou sobre os ataques violentos do marido. “Era muito assustador. Você está em uma casa, sem vizinhos, as crianças dormindo, você sabe que está sozinha, o que diabos você faz?”, comentou.
Mas, entre as famílias disfuncionais, os Osbourne eram muito populares, e seu reality show, “The Osbournes”, ganhou um Emmy em 2002.
Outros prêmios concedidos a Ozzy incluem um Grammy em 1993 por sua música solo “I Don’t Want To Change The World”.
Em março de 2006, o cantor e os integrantes do Black Sabbath foram introduzidos no Hall da Fama do Rock and Roll.
Osbourne deixa a esposa, três filhos do primeiro casamento e três com Sharon: Jack, Kelly e Aimee.
*com informações da Reuters