O MDHC (Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania) desmentiu, na quarta-feira (5), a suposta proposta de assistência financeira a familiares de mortos na megaoperação policial no Rio de Janeiro, que aconteceu nos Complexos da Penha e do Alemão na última semana.
A ação das forças de segurança deixou 121 mortos, entre eles, quatro policiais.
Em nota, o ministério afirmou que “não foi consultado sobre o assunto, não fez nenhum anúncio de ajuda financeira às famílias” e esclareceu que “as informações veiculadas [em sites de notícias e nas redes sociais] são inverídicas”.
“A visita da ministra Macaé Evaristo ao Rio de Janeiro teve como principal objetivo o acolhimento às comunidades afetadas e a discussão sobre a retomada imediata dos serviços públicos de educação, saúde e assistência social nas áreas impactadas”, destacou o MDHC.
No comunicado, o ministério ainda apontou que, entre as principais ações realizadas estão:
- Articulação com órgãos públicos para garantir o funcionamento de escolas, hospitais e serviços essenciais;
- Mapeamento das necessidades locais e coordenação de apoio técnico e institucional, com base em protocolos humanitários internacionais;
- Abertura de um canal específico no Disque 100 para receber relatos das comunidades impactadas pelas operações.
Presidente Lula fala em “operação desastrosa”
Na última terça-feira (4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a megaoperação policial foi uma “matança”. A ação das forças de segurança deixaram 121 mortos entre suspeitos e policiais nos complexos do Alemão e da Penha.
A fala aconteceu em uma entrevista a agências internacionais. “A ordem do juiz era para que fossem cumpridos mandados de prisão, não para uma matança — e, no entanto, houve uma matança”, disse o presidente.
Lula chamou, ainda, a operação de “desastrosa”. “A dura realidade é que, em termos de número de mortos, alguns podem considerar a operação um sucesso. Mas, do ponto de vista da ação estatal, acredito que foi desastrosa”, afirmou.
Na declaração, o presidente ainda pontuou que o governo federal vai pressionar por uma investigação independente da megaoperação.
Megaoperação
A megaoperação policial “Contenção” foi realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na terça-feira (28). A ação conjunta das Polícias Civil e Militar, que utilizou cerca de 2.500 agentes, visava combater a expansão territorial do CV (Comando Vermelho) e cumprir aproximadamente 100 mandados de prisão contra lideranças, incluindo 30 de outros estados.
A operação resultou no saldo de 121 mortos, superando o Massacre do Carandiru e tornando-se a mais letal da história do país. Entre os 113 presos, estava Thiago do Nascimento Mendes, o “Belão”, braço direito do líder do CV, “Doca”. Foram apreendidas 118 armas, sendo 91 fuzis.
O dia da operação foi marcado por intensos confrontos e “caos” na cidade, com o fechamento de escolas e desvios de transporte público.
Segundo o governo, mais de 95% dos identificados tinham vínculo comprovado com o Comando Vermelho, e 54% não eram do Rio de Janeiro. A lista também não divulga nenhum nome feminino que estivesse entre os mortos.
Todos os corpos foram liberados e a perícia do Instituto Médico-Legal (IML) foi oficialmente encerrada. Entre as vítimas, estão nove chefes do Comando Vermelho de outras regiões que estavam na Penha no momento da operação.
Nesta semana, MPF (Ministério Público Federal) requisitou ao estado do Rio de Janeiro e à União informações sobre a utilização de verbas federais durante a megaoperação.
A operação foi a mais letal da história, superando o Massacre do Carandiru.