Em meio à crescente de casos relacionados a intoxicação por metanol, o Governo de São Paulo criou um protocolo para detectar a presença da substância em bebidas alcoólicas. A nova iniciativa foi apresentada na quinta-feira (9) e está sendo repassada para outros estados do país.
O total de casos confirmados de intoxicação por metanol em São Paulo subiu para 23, segundo um boletim da SES-SP (Secretaria de Estado da Saúde). O número representa três confirmações a mais em relação aos dados do Ministério da Saúde divulgados na quarta-feira (8), que registravam 20 casos no estado.
Segundo a perita Karin Kawakami, chefe da Equipe de Perícias Criminalísticas Oeste, um protocolo internacional na identificação de metanol e de falsificações de bebidas já é seguido. “Porém, tivemos que aprimorá-lo para conseguir obter um resultado mais rápido, diante da grande demanda no estado e no Brasil”, explicou Kawakami.
A SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) detalhou as etapas de identificação e afirmou que o primeiro passo dos peritos é a especificação das amostras.
O procedimento facilita a logística de apreensões e da perícia durante análises laboratoriais, uma vez que não se torna necessário fazer o teste de todas as garrafas apreendidas para obter um resultado 99% confiável.
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Já a segunda etapa consiste na análise de lacres, selos, embalagens e rótulos. Com esse protocolo, segundo a pasta, “a equipe leva menos de um dia para realizar o exame e emitir o laudo que, posteriormente, é enviado ao Núcleo de Química.”
Na chegada ao núcleo, os peritos usam um equipamento portátil para ler e identificar a presença de metanol e de outros componentes na bebida, sem precisar abrir a garrafa. Logo, mesmo se o recipiente estiver lacrado, já é possível fazer uma triagem no frasco.
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Segundo a secretaria, 30 casos já foram analisados seguindo o protocolo. A partir disso, mesmo sem o laudo finalizado, os peritos conseguem orientar ações relacionadas aos casos de intoxicação, provocados pela porcentagem da substância dentro das bebidas — considerada tóxica para os consumidores.
A última fase do protocolo consiste na realização da cromatografia gasosa, procedimento que separa os elementos e aponta efetivamente a porcentagem de metanol e outras substâncias na bebida. “Também é realizado outros exames para saber se a bebida é falsificada, porque pode ser que não tenha metanol, mas pode ser que ela seja fruto de uma falsificação”, concluiu Karin.