Mais de mil crianças na região de Java Ocidental, na Indonésia, sofreram intoxicação alimentar esta semana por causa dos almoços escolares, disseram as autoridades. Esse é o mais recente de uma série de surtos e outro revés para o programa multibilionário de refeições gratuitas do presidente.
A intoxicação em massa foi relatado em quatro áreas da província de Java Ocidental, disse o governador Dedi Mulyadi à Reuters na quinta-feira (25), enquanto organizações não governamentais faziam apelos para suspender o programa devido a problemas de saúde.
Os casos mais recentes ocorreram após 800 estudantes que consumiram merenda escolar na semana passada ficarem doentes nas províncias de Java Ocidental e Sulawesi Central, fornecida pelo programa de refeições nutritivas gratuitas do presidente Prabowo Subianto.
Foram levantadas questões sobre os padrões e a supervisão do programa, que se expandiu rapidamente para atingir mais de 20 milhões de beneficiários, com uma meta ambiciosa de alimentar 83 milhões até o final do ano.
O orçamento do programa de 171 trilhões de rupias (US$ 10,2 bilhões) dobrará no ano que vem.
O governador Mulyadi disse que mais de 470 estudantes adoeceram em West Bandung na segunda-feira (22) após comerem almoços gratuitos, e mais três surtos ocorreram lá na quarta-feira (24) e na região de Sukabumi, afetando pelo menos 580 crianças.
“Precisamos avaliar quem está executando o programa… E o mais importante é como lidar com o trauma dos alunos depois de comerem a comida”, disse Mulyadi, acrescentando que pequenos hospitais em Bandung Ocidental estavam lotados de alunos doentes.
O gabinete de Prabowo não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre os casos mais recentes. Dadan Hindayana, chefe da Agência Nacional de Nutrição, que supervisiona o programa de refeições gratuitas, disse que as cozinhas com casos de intoxicação foram suspensas.
Aumento dos casos
Lisa Bila Zahara, 15 anos, disse que ficou doente depois de comer um almoço escolar de frango e tofu cozidos com molho de soja na quarta-feira (24).
“Cerca de 30 minutos depois, senti náuseas e dor de cabeça”, disse o estudante do ensino médio à Reuters em um ginásio esportivo transformado em um centro de tratamento improvisado em West Bandung.
“Quero que isso pare (o programa)… Temo que isso aconteça novamente”, disse ela.
A mãe de Zahara a proibiu de consumir refeições gratuitas no futuro.
Antes do incidente desta semana, pelo menos 6.452 crianças em todo o país sofreram intoxicação alimentar devido ao programa lançado em janeiro, de acordo com o think tank Network for Education Watch.
O governador Mulyadi disse que as cozinhas tinham a tarefa de alimentar muitos alunos e estavam localizadas longe das escolas, forçando-os a começar a cozinhar muito cedo, às vezes na noite anterior ao almoço.
“Quando a comida ainda estava quente, ela era imediatamente colocada na bandeja e a bandeja era fechada, o que a estragava”, disse ele, acrescentando que as autoridades haviam declarado emergência sanitária.
Iqbal Maulana, chefe de uma cozinha que forneceu algumas das refeições gratuitas, disse: “Fazemos isso de acordo com o procedimento operacional padrão.”