O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou que a Marinha do país escoltasse navios que transportavam derivados de petróleo, podendo criar um confronto com os Estados Unidos em alto-mar, informou o jornal The New York Times.
A medida desafiaria a declaração do presidente americano, Donald Trump, que ordenou o bloqueio “total e completo” de todos os petroleiros sancionados que entram e saem do território venezuelano.
Segundo o New York Times, diversos navios partiram da Venezuela rumo à Ásia com escolta naval venezuelana entre a noite de terça-feira (16) e a manhã de quarta-feira (17), disseram três pessoas familiarizadas com as viagens.
Porém, nenhuma dessas embarcações comerciais consta da lista de petroleiros sancionados que os Estados Unidos ameaçam atingir.
O veículo afirma, citando duas fontes anônimas, que os três navios que partiram do Porto de José, na costa caribenha da Venezuela, estavam carregados de ureia, coque de petróleo e outros derivados.
Um funcionário americano, citado como terceira fonte, afirmou que Washington estava “ciente das escoltas e considerava diversas medidas a serem tomadas”.
Conforme análise do jornal, os navios que deixaram o porto não estavam na lista de embarcações sancionadas mantida pelo Departamento do Tesouro americano.
O New York Times afirma que a estatal petrolífera venezuelana, PDVSA, informou em comunicado que os navios das operações continuam navegando “com total segurança, suporte técnico e garantias operacionais, no legítimo exercício do seu direito à livre navegação”.
Petróleo em foco na escalada de tensões
Os Estados Unidos apreenderam um petroleiro na costa da Venezuela na quarta-feira (10). Donald Trump afirmou que a ação foi justificada, mas não deu detalhes, e o regime de Nicolás Maduro acusou os EUA de pirataria internacional.
O Skipper transportava petróleo bruto venezuelano e seguia para Cuba, segundo uma fonte americana.
Seu destino era a Ásia, após a intermediação com vendedores cubanos, ainda de conforme essa fonte.
Anteriormente, o navio se chamava Adisa. Ele foi alvo de sanções dos EUA em 2022 por facilitar o comércio de petróleo para o Hezbollah e a Força Quds da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã.
A procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi, afirmou que o petroleiro foi sancionado “devido ao seu envolvimento em uma rede ilícita de transporte de petróleo que apoia organizações terroristas estrangeiras”, incluindo a Venezuela e o Irã.
Uma fonte americana ressaltou que a apreensão ocorreu em águas internacionais e transcorreu sem incidentes ou baixas, tanto entre os agentes dos EUA quanto entre a tripulação do petroleiro.
Bloqueio de petroleiros
Após a primeira apreensão, Trump ordenou o bloqueio “total e completo” de todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela.
Em uma publicação nas redes sociais, o líder americano afirmou que a Venezuela está “cercada” e sugeriu que deve aumentar a pressão sobre o regime de Nicolás Maduro.
“A Venezuela está completamente cercada pela maior armada já reunida na história da América do Sul. Ela só vai crescer, e o choque para eles será como nada que já tenham visto antes — até que devolvam aos Estados Unidos da América todo o petróleo, as terras e outros ativos que anteriormente nos roubaram”, escreveu o presidente.
Na publicação, Trump acusa Maduro de usar o petróleo para financiar o próprio regime, o tráfico de drogas e de pessoas, assassinatos e sequestros.
E segue dizendo que por muitos motivos, incluindo terrorismo e tráfico, o regime venezuelano foi designado como uma organização terrorista. “Portanto, hoje, estou ordenando um BLOQUEIO TOTAL E COMPLETO de todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela”, afirma.
Trump diz ainda que não vai permitir que um regime hostil “se apodere” de petróleo, terras ou quaisquer outros ativos, que devem ser devolvidos aos Estados Unidos “imediatamente”.