Lula retribui aceno de Trump, mas aliados ainda temem rumos de reunião

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retribuiu o aceno feito por Donald Trump nesta quarta (24) e disse que o encontro com o republicano foi “uma boa surpresa”. Lula admitiu que tem muito o que conversar com o americano e que os dois países não precisam viver em conflito, mas reforçou que não irá negociar a soberania nacional.

“Eu espero que numa conversa entre dois chefes de Estado, nós coloquemos na mesa quais são os nossos problemas, quais são as nossas diferenças e começamos a tomar decisões”, disse o brasileiro.

Lula se diz convencido que a Casa Branca tomou decisões, como o tarifaço e sanções à autoridades, com base em uma baixa “qualidade de informações que ele tinha em relação ao Brasil”.

O governo avalia que a alta nos preços de produtos nos Estados Unidos, como o café, que subiu mais de 21%, foi mais relevante para provocar uma aproximação inicial de Trump, do que a atuação do setor empresarial em Washington.

Empresários brasileiros buscaram contato com a Casa Branca e com departamentos do governo americano, mas disseram ter encontrado muitas barreiras na administração.

Pouco antes das declarações de Lula, o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), também havia dito que estava otimista para um possível encontro entre os dois líderes. Mesmo com a visão positiva, o Planalto mantém a cautela sobre o diálogo – tentando evitar constrangimentos diplomáticos na Casa Branca.

O governo de Lula espera que a regulamentação das big techs seja um dos principais temas da conversa com Trump.

Nas últimas semanas, o Palácio do Planalto enviou uma proposta de regulação econômica às gigantes da tecnologia. Ela prevê um aumento do poder antitrust (direito de concorrência) do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Já em junho, o STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria para um projeto que responsabiliza as plataformas por publicações de terceiros.

O republicano critica as iniciativas brasileiras para impor regras às plataformas digitais, as classificando como “ataques às liberdades”.

Lula e Trump também devem tratar das tarifas ao etanol brasileiro e de possíveis acordos sobre minerais raros.

O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras do mundo. Garantir acesso aos materiais é condição essencial para que Trump reduza o monopólio chinês na extração e no processamento dos minerais. Eles são usados em carros, celulares e em equipamentos militares.

“Queremos discutir com o mundo inteiro nossos minerais críticos. Nós queremos que as empresas que desejam explorar [os minérios], vão para o Brasil”, finalizou Lula.

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