O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta sexta-feira (12) que se reunirá com representantes de órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário para tratar de soluções para a alta taxa de violência contra as mulheres no Brasil.
“Semana que vem eu vou ter uma reunião com as autoridades das instituições brasileiras: Suprema Corte, Superior Tribunal de Justiça, Senado, Câmara. Vou chamar outras: Defensoria Pública e Procuradoria Geral da República”, declarou o chefe do Executivo.
Segundo Lula, é necessário que, junto com o governo federal, as instituições façam uma “inversão” no discurso. Ele disse ainda que assumiu a responsabilidade de colocar o assunto em sua “mesa”.
“A violência contra a mulher não é um problema a ser resolvido pelas mulheres, a violência contra a mulher é um problema a ser resolvido pelo caráter dos homens que acham que são donos das mulheres”, acrescentou o presidente.
A fala se deu durante discurso na abertura da 13ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos, em Brasília.
Responsabilização das redes
O petista também cobrou por uma maior responsabilização por parte das redes sociais acerca dos conteúdos que incitam a violência contra as mulheres.
“As redes digitais precisam ser responsabilizadas pela publicação sistemática de discurso de ódio e incentivo à violência contra as mulheres”, afirmou.
De acordo com Lula, as redes não podem confundir liberdade de expressão com “cumplicidade” na prática de crimes hediondos. O petista afirmou que é “inaceitável” que as pessoas continuem a fingir que não têm responsabilidade pelo conteúdo publicado em suas respectivas redes.
O presidente também classificou como “intolerável” o fato de que publicações que incentivam agressões contra mulheres continuem a circular sem moderação.
“Proteger a vida, a integridade física de meninas e mulheres não é censura, é a responsabilidade de toda a sociedade brasileira e nós temos que assumir esse papel, uma responsabilidade da qual as redes sociais não podem continuar se eximindo”, destacou.
Feminicídio bate recorde no Brasil
Em 2024, o Brasil atingiu o maior número de feminicídios desde o início da tipificação do crime, em 2015. A informação é do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
No ano passado, 1.492 mulheres foram vítimas, o que representa uma média de quatro mortes por dia.
Além disso, pesquisa divulgada nesta semana mostrou que, entre janeiro e outubro de 2025, o estado de São Paulo teve um aumento de 10,01% nos casos de feminicídios em comparação com o mesmo período do ano anterior.
A pauta voltou a ser um destaque no debate público depois que um homem atropelou e arrastou uma mulher na Marginal Tietê, na capital paulista.
Na ocasião, a vítima foi atropelada e arrastada por mais de 1 km. A mulher chegou a realizar quatro cirurgias após ter sido arrastada e teve as duas pernas abaixo da linha do joelho amputadas.