Apesar dos dados da dívida pública de agosto ainda não terem sido divulgados, o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Helano Borges, afirmou nesta quarta-feira (27) que a percepção de risco em relação ao Brasil diminuiu no nono mês do ano.
De acordo com ele, a mudança aconteceu após a divulgação da lista de exceções de produtos que ficaram de fora da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre exportações brasileiras, divulgada pela Casa Branca em 30 de junho, poucos dias antes de entrar em vigor as novas taxas.
Segundo Helano Borges, a medida atenuou a pressão vista em julho, quando as tensões comerciais elevaram o CDS, índice que avalia o risco de calote, brasileiro e a curva de juros, o que deu alívio para as emissões públicas.
“Internamente a gente observou uma redução do nível da curva de juros. Se pegar uma fotografia atualizada para hoje [27 de agosto], a gente vai ver que não só na parte curta, mas também na parte longa, então em toda extensão da curva a gente vai ver uma redução, uma certa dissipação do risco que a gente observou ali em função do tarifácio. Aqui também contribuiu para isso, com a leitura mais favorável, a lista de exceções de produtos que estariam ali embaixo do tarifaço e a percepção gradativa de que o impacto na economia real não tende a ser tão pronunciado”, disse Borges.
Segundo o coordenador, essa melhora se refletiu diretamente nos leilões de títulos públicos realizados em agosto. Até o momento, o Tesouro emitiu R$ 153 bilhões, com uma composição mais equilibrada: 50% em prefixados, 34% em LFTs e 16% em NTN-B.
Em julho, a Dívida Pública Federal subiu 0,71% e atingiu R$ 7,94 trilhões, puxada pela apropriação de quase R$ 90 bilhões em juros.
No mês, o Tesouro registrou resgate líquido de R$ 33 bilhões e mudou a composição das emissões, priorizando os títulos pós-fixados diante do aumento da percepção de risco dos investidores.