Lia Clark sobre elogios quando surge “desmontada”: “Engajamento muda”

A cantora Lia Clark, 33, falou à CNN sobre como enxerga a reação do público quando aparece “desmontada”, especialmente em fotos sem camisa, e usou o tema para ampliar a discussão sobre corpo, liberdade e os diferentes olhares lançados sobre artistas LGBTQIAPN+.

Segundo ela, esse debate está diretamente ligado à forma como construiu sua carreira e seu discurso artístico.

Para Lia, a música sempre teve um papel que vai além do entretenimento. “O meu trabalho como um todo, não só o Fenomenal, é posicionamento político. Sobre liberdade, sobre corpo, sobre nossos desejos, sobre sermos quem somos”, disse à CNN, explicando que a arte dela nasce do desejo de oferecer um espaço de escape das pressões sociais.

A cantora reforçou que, apesar do viés político, o prazer e a diversão continuam sendo centrais. Ela destacou que faz música para aliviar cobranças e permitir que as pessoas se sintam livres para existir, dançar e rir, sem a necessidade de se encaixar em expectativas externas.

Ao falar de autoestima, Lia contou que a drag foi essencial para que ela aprendesse a se aceitar. “Eu comecei a me olhar e me amar quando comecei a me montar”, disse, explicando que o processo artístico ajudou a curar inseguranças que carregava desde a adolescência, quando crescer sendo uma pessoa preta, afeminada, magra e alta tornava a exposição ainda mais difícil.

Esse amadurecimento, no entanto, veio acompanhado de uma percepção crítica sobre como o público reage às diferentes versões dela. Lia afirmou que costuma ficar sem graça com elogios, mas reconhece que eles funcionam como combustível criativo. Ainda assim, há um incômodo específico que ela faz questão de apontar.

“Eu só não gosto porque, geralmente, o engajamento quando eu apareço sem camisa é muito maior do que quando lanço trabalho novo ou apareço de drag”, disse à CNN, ao comentar a disparidade de atenção que recebe nas redes sociais.

A artista contou que reage a essa situação com humor e ironia. “Aí eu fico: ‘Meu Deus, esses ‘veados’ gostam é de homem mesmo’”, afirmou Lia Clark, deixando claro que a fala vem acompanhada de crítica e provocação sobre o consumo de imagem em detrimento da obra artística.

Para Lia, esse contraste evidencia como o corpo, especialmente quando foge da “montação”, ainda é lido de maneira diferente pelo público. Mesmo sendo reconhecida como uma das pioneiras do funk queer, ela observa que o interesse nem sempre está ligado ao trabalho musical, mas à exposição física.

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