As instituições brasileiras demonstram deficiência na capacidade de interação e articulação entre si para enfrentar problemas cruciais do país, especialmente na área de segurança pública. A análise foi apresentada por Marco Aurélio Nogueira, cientista político e professor da Unesp, durante o WW, que destaca a existência de “muita coreografia e pouco drama real” nas ações institucionais.
De acordo com Nogueira, embora haja intensa movimentação por parte do Judiciário, Executivo e Legislativo, os resultados práticos dessas ações são limitados. O especialista ressalta que o tema da segurança pública, em particular, tem sido abordado de forma problemática no cenário nacional.
Protagonismo judicial e questões constitucionais
O cientista político aborda a busca por protagonismo no âmbito do Judiciário, tanto por ministros individualmente quanto pelo tribunal como instituição. Ele menciona que, especificamente na questão da segurança pública, existe uma dimensão jurídica e constitucional que determina certas exigências aos órgãos de segurança, principalmente no que tange aos direitos humanos.
Desafios na abordagem da criminalidade
Um dos pontos críticos destacados por Nogueira é a forma como a criminalidade é interpretada no Brasil. Segundo ele, enquanto o problema for analisado pelo viés da pobreza, e não pelo prisma da segurança, os desafios persistirão. O especialista também aponta que o tema da segurança encontra-se relativamente negligenciado no debate público brasileiro.
O professor observa ainda que a questão da segurança enfrenta resistências ideológicas: é um tema incômodo para a esquerda e frequentemente utilizado de forma oportunista pela direita. Nogueira defende a necessidade de encontrar um meio-termo que permita abordar o assunto de maneira mais consistente e efetiva, considerando a gravidade do problema.