Indústria perde 15 mil postos de emprego com tarifaço

O Brasil sofreu a tarifa mais alta, de 50%, aplicada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em julho deste ano. Segundo levantamento do Banco Inter, entre agosto e setembro, a indústria brasileira perdeu 15 mil empregos após o tarifaço.

O estado de São Paulo agregou mais de um quarto de todos os empregos industriais perdidos no período, sendo que os impactos ficaram concentrados nas regiões de maior exportação aos EUA.

Um dos estados mais expostos ao tarifaço, São Paulo é responsável por 33% das exportações brasileiras para os EUA.

Cerca de 30% de todos os postos de emprego perdidos vieram da indústria de alimentação, mais especificamente do refino de açúcar, atividade muito presente no estado paulista.

 

Segundo o estudo, grande parte do resultado apresentado pode ter decorrido também de uma “frustração no salto sazonal das contratações de agosto, que, todavia, ocorreu normalmente em setembro.”

Portanto, o setor industrial ainda deve reagir nos próximos meses à queda de 80% nas exportações de açúcar do Brasil para os EUA, observada com o início do tarifaço.

Efeitos da política comercial de Trump atingiram principalmente as regiões mais abertas para os EUA, apesar de demais áreas também terem sofrido efeitos negativos.

Além disso, o estudo apontou para contratações abaixo do normal em demais estados do país e setores. Houve uma perda estimada de cerca de 4.500 empregos no Sul do Brasil, sendo que a região depende das indústrias de bens de capital, cuja produção é quase inteiramente exportada aos EUA.

O resultado reforçou a expectativa com o início do tarifaço de impacto limitado, devido à baixa abertura comercial, em geral, da economia do país e pouca dependência da economia americano como destino das exportações brasileiras.

Houve aumento das exportações para outros países, enquanto a atividade e o emprego se mantiveram robustos. Apesar disso, o impacto foi significativamente sentido pela indústria, conforme esperado.

A expectativa do Inter é que os danos sejam limitados com a abertura do diálogo entre o Brasil e os Estados Unidos, ainda que haja efeitos prolongados com o tarifaço.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente americano se encontraram no final de outubro, em Kuala Lumpur, capital da Malásia. Durante o encontro, o Trump disse que os países devem chegar a um acordo positivo para ambos os lados.

Ao ser questionado se os EUA reduziriam as tarifas ao Brasil, Trump disse “Vamos discutir isso por um tempo. Sabemos que nos conhecemos. Sabemos o que cada um quer”.

A reunião foi amistosa e cordial, mas terminou sem um acordo fechado sobre tarifas. O governo brasileiro pretende aproveitar o momento e enviar negociadores a Washington nesta semana para realizar uma nova rodada de conversas de alto nível com os EUA sobre o tarifaço.

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