Inadimplência e exigências ambientais reduzem 16% do crédito rural

A concessão de crédito rural e agroindustrial no Brasil caiu 16% no primeiro semestre de 2025, reflexo do avanço da inadimplência, de eventos climáticos e de exigências ambientais mais rígidas na tomada de financiamento, segundo o novo Boletim Agro da Serasa Experian.

O volume liberado somou R$ 83 bilhões no período, cerca de R$ 16 bilhões a menos que no mesmo intervalo de 2024.

O movimento indica um agro mais cauteloso em um ano marcado por risco maior na carteira e avaliação mais criteriosa das instituições financeiras. A redução aparece mesmo com demanda ativa e aumento no número de contratos.

“O recuo de cerca de 16% na concessão no primeiro semestre de 2025 tem como um dos fatores o movimento de maior cautela no mercado. […] O setor convive com desafios como a elevação gradual da inadimplência, eventos climáticos e critérios mais rigorosos de conformidade socioambiental”, afirmou Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa Experian.

Ticket médio cai, mas operações aumentam

No segundo trimestre de 2025, o crédito rural e agroindustrial atingiu R$ 47 bilhões. O ticket médio por CPF caiu 22,1% e ficou em R$ 157,9 mil, enquanto o número de novos contratos subiu 11,4%, chegando a 343,6 mil operações no trimestre

Ou seja: mais produtores buscaram crédito, mas com valores menores — um sinal do ajuste no apetite de risco dos financiadores.

Centro-Oeste lidera em valor por contrato; Sul tem maior volume

Os dados também evidenciam uma distribuição desigual do crédito pelo país, com características próprias em cada frente produtiva. O Centro-Oeste Agro foi o que apresentou operações de maior valor, registrando ticket médio por CPF de R$ 639 mil e R$ 468 mil por contrato.

No Sul, o volume financeiro puxou a média nacional, com R$ 15 bilhões emprestados no trimestre, enquanto o Nordeste concentrou o maior número de produtores acessando crédito, somando 108 mil CPFs contratantes e 111 mil novos financiamentos no período.

Distribuição do crédito rural e agroindustrial por região (trimestre)

Norte

  • R$ 1,4 bilhão
  • 8,4 mil novos contratos
  • R$ 173 mil por contrato
  • 7,6 mil CPFs com contrato
  • R$ 190 mil por CPF
  • 1,10 contrato por CPF

Centro-Oeste

  • R$ 12 bilhões
  • 27 mil novos contratos
  • R$ 468 mil por contrato
  • 19 mil CPFs com contrato
  • R$ 639 mil por CPF
  • 1,37 contrato por CPF

Sul

  • R$ 15 bilhões
  • 103 mil novos contratos
  • R$ 145 mil por contrato
  • 80 mil CPFs com contrato
  • R$ 187 mil por CPF
  • 1,29 contrato por CPF

MATOPIBA (Maranhão + Tocantins + Piauí + Bahia)

  • R$ 5,3 bilhões
  • 19 mil novos contratos
  • R$ 281 mil por contrato
  • 17 mil CPFs com contrato
  • R$ 317 mil por CPF
  • 1,13 contrato por CPF

Nordeste Agro

  • R$ 3,3 bilhões
  • 111 mil novos contratos
  • R$ 30 mil por contrato
  • 108 mil CPFs com contrato
  • R$ 30 mil por CPF
  • 1,02 contrato por CPF

Sudeste

  • R$ 8,9 bilhões
  • 56 mil novos contratos
  • R$ 159 mil por contrato
  • 47 mil CPFs com contrato
  • R$ 188 mil por CPF
  • 1,18 contrato por CPF

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