O fim do processo do plano de golpe e o início do cumprimento da pena do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) repercutiram na imprensa mundial.
O The New York Times noticiou que o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou o início da pena de mais de 27 anos de prisão e relembrou a condenação do ex-presidente.
“A condenação de Bolsonaro foi baseada em inúmeras provas que mostravam que ele e o seus aliados próximos passaram meses minando a confiança dos eleitores nos sistemas eleitorais do Brasil”, diz o jornal.
O New York Times também citou o plano de golpe, que incluía “a dissolução do Supremo Tribunal, a anulação do resultado eleitoral e a atribuição de amplos poderes aos militares”, além do assassinato de Lula e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
O jornal britânico The Guardian detalhou que a pena de Bolsonaro deve ser cumprida em uma sala de 12 metros quadrados na Superintendência da PF (Polícia Federal), em Brasília, onde o ex-presidente já está.
A publicação também repercutiu as condenações de Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministros do governo Bolsonaro e generais do Exército, do almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, e de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.
Já o argentino Clarín também cita o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), flagrado nos Estados Unidos após condenação do STF (Supremo Tribunal Federal). A reportagem recordou, ainda, que Bolsonaro estava em prisão domiciliar até o final de semana devido à saúde debilitada.
“Bolsonaro, de 70 anos, tem a saúde debilitada, sofre crises de ansiedade, soluços e vômitos, tudo isso atribuído à grave facada que sofreu na região abdominal durante a campanha eleitoral de 2018, que desde então o obrigou a ser submetido a diversas cirurgias”, diz o jornal.
O início do cumprimento da pena também foi destaque na agência Bloomberg, que se referiu ao ex-presidente como “Trump dos Trópicos”, afirmando que Bolsonaro usou a abordagem política do líder americano como modelo durante.
“Ao mergulhar em problemas jurídicos após a derrota, Bolsonaro apostou alto na ajuda do seu aliado americano, que este ano impôs tarifas punitivas sobre produtos brasileiros, ao mesmo tempo que exigia o fim do julgamento do plano golpe”, escreveu a Bloomberg.
O texto também relembra que os EUA impuseram sanções a autoridades brasileiras, mas que o processo contra Bolsonaro continuou mesmo assim, e o tarifaço foi zerado. “Os dois governos estão agora restabelecendo os laços, e o interesse de Trump na situação de Bolsonaro parece ter diminuído. Na semana passada, ele concedeu grande alívio tarifário ao Brasil”.
O site da emissora francesa France24 destacou o início da pena de Bolsonaro e relembrou outras prisões de ex-presidentes brasileiros, como Fernando Collor de Mello, preso em abril após ser condenado por um esquema de corrupção, e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em 2018 e, na época, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. As condenações de Lula foram anuladas pelo STF em 2021.
A defesa de Bolsonaro escolheu não apresentar um segundo recurso contra a condenação do ex-presidente, os chamados embargos de declaração. O prazo para protocolar o documento se encerrava na segunda-feira (24). Com isso, o ministro Alexandre de Moraes, pediu que fosse declarado o trânsito em julgado da ação (quando não há mais recursos disponíveis) e iniciada a fase de execução penal.
Bolsonaro foi condenado pelo STF a 27 anos e três meses de prisão, com regime inicial fechado. Ele deverá cumprir pena na Superintendência da PF. A defesa deve insistir em transferi-lo para prisão domiciliar, alegando idade avançada e condições precárias de saúde.