Hiroshima e Nagasaki: relembre ataques que marcaram o fim da 2ª guerra 

Há 80 anos, em 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram a primeira bomba atômica na cidade de Hiroshima, a sudoeste do Japão. O artefato, até então inédito nas guerras, foi usado novamente apenas três dias depois, contra a cidade de Nagasaki, na época capital japonesa.

Milhares de pessoas morreram instantaneamente com os ataques. Dentro dos primeiros quatro meses, as armas chegaram a causar entre 90 mil e 166 mil mortes em Hiroshima e entre 60 e 80 mil mortes em Nagasaki.

Mais da metade das vítimas morreu no primeiro dia de explosões, enquanto o restante foi padecendo posteriormente por conta de queimaduras e efeitos da radiação.

Pesquisas indicam que sequelas dos ataques foram reconhecidas em mais de meio milhão de pessoas no Japão.

O bombardeio

Os usando armas nucleares foram autorizados pelo então presidente americano Harry S. Truman após exigir que o Japão se rendesse, sob ameaça de “destruição completa”. Naquele verão de 1945, os EUA estavam em guerra com o Japão há três anos.

O avião bombardeiro B-29 dos EUA, o Enola Gay, lançou a bomba nuclear, codinome “Little Boy”, com um poder de destruição de 15 mil toneladas.

Antes de ser usada pela primeira vez contra o Japão, a bomba atômica foi testada em julho de 1945 por cientistas americanos no “Projeto Manhattan”, incluindo Einstein. O objetivo dele era conseguir projetar um explosivo que usasse fissão nuclear antes dos alemães, supostamente para evitar que os rivais pudessem usar tal capacidade de destruição.

Na época, Truman havia encarregado um comitê de conselheiros, presidido pelo secretário de Guerra Henry Stimson, de deliberar se deveria usar a bomba atômica no Japão.

Alguns dias depois do bombardeio, no dia 14 de agosto, o imperador Hirohito anunciou a rendição japonesa pelo rádio, o que marca o final da Segunda Guerra Mundial.

Poder destrutivo das bombas atômicas

"Fat Man", bomba atômica lançada sobre Nagasaki, Japão, pelos EUA, em 9 de agosto de 1945 • Getty Images
“Fat Man”, bomba atômica lançada sobre Nagasaki, Japão, pelos EUA, em 9 de agosto de 1945 • Getty Images

A composição e forma de detonação deste tipo de armamento nuclear são diferentes de explosivos como o TNT, por exemplo. Esse tipo de bomba, muito utilizado na demolição de edifícios, é impulsionado pela grande quantidade de oxigênio em sua estrutura molecular. Para iniciar a cadeia de explosão, porém, é necessária uma faísca que comece as reações de combustão.

As bombas atômicas porém, funcionam através de um processo de fissão nuclear. Ao contrário de outros explosivos, seu poder é liberado quando um átomo instável é dividido através do bombardeamento de partículas, como os nêutrons.

Esse armamento é composto principalmente por átomos de urânio e plutônio, elementos de alta instabilidade. Quando um átomo desses elementos é bombardeado e então fissurado, ele causa uma reação em cadeia fazendo com que todos os átomos em volta dele passem pelo mesmo processo.

O impacto das bombas provocaram efeitos destrutivos que perduram até hoje. A devastação total causada pelo bombardeio também foi alvo de críticas.

Em seu livro de memórias de 1963, “Mandate for Change”, o ex-presidente Dwight D. Eisenhower condenou o uso das bombas atômicas, dizendo que elas não eram necessárias para forçar a rendição do Japão.

Parque Memorial da Paz

Décadas após as explosões atômicas, o Japão criou o Parque Memorial da Paz de Hiroshima em homenagem aos milhares de mortos na cidade. O local está localizado no movimentado distrito comercial de Hiroshima e conta com um Museu Memorial da Paz nos complexos.

A cúpula foi designada Patrimônio Mundial da Unesco em 1996. A organização descreveu a estrutura como “um símbolo forte e poderoso da força mais destrutiva já criada pela humanidade; também expressa a esperança de paz mundial e a eliminação final de todas as armas nucleares”.

Em maio de 2016, Barack Obama se tornou o primeiro presidente dos Estados Unidos em exercício a visitar Hiroshima e pediu um “mundo sem armas nucleares”.

Nova escalada nuclear

À medida que o mundo marca o 80º aniversário do primeiro uso de uma arma nuclear, especialistas e sobreviventes alertam que o planeta está mais próximo de vê-las serem usadas novamente do que esteve em décadas.

“As divisões dentro da comunidade internacional sobre o desarmamento nuclear estão se aprofundando, e o ambiente de segurança atual está se tornando cada vez mais severo”, declarou o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba nesta quarta-feira (6).

“Não temos muito tempo, enquanto enfrentamos uma ameaça nuclear maior do que nunca”, afirmou, em comunicado antes da cerimônia, a Nihon Hidankyo, uma organização popular japonesa de sobreviventes que venceu o Prêmio Nobel da Paz no ano passado por sua luta pela abolição nuclear.

“Nosso maior desafio agora é mudar, ainda que minimamente, a postura fria dos países que possuem armas nucleares”, afirmou o primeiro-ministro japonês.

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