Fuvest 2026: perdão é tema de ambas as propostas de redação da 2ª fase

Este domingo ocorreu a primeira prova da 2ª fase da Fuvest 2026, vestibular que possibilita a entrada na USP (Universidade de São Paulo). A prova vai até às 17h, mas o tema da redação já foi divulgado e fala sobre perdão.

De acordo com informações da Fuvest, o candidato pôde escolher entre duas propostas de redação:

  1. Um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “O perdão é um ato que pode ser condicionado ou limitado”;
  2. Uma carta a uma personagem hipotética que o tivesse acusado falsamente da prática de um ato moralmente reprovável, explicando a razão pelas quais concederia ou não o perdão.

Para ajudar o vestibulando, foram oferecidos seis textos de apoio:

  • “Súplica de oficial nazista provoca reflexão sobre limites do perdão”, de Juliana de Albuquerque;
  • “Tudo é Rio”, de Carla Madeira;
  • Poesia Mar Novo, de Sophia de Mello Breyner Andresen;
  • Foto “Cessar-fogo em Gaza permite o regresso à casa”, de Abdel Kareem Hana/AP;
  • Música “Tá Perdoado”, de Arlindo Cruz;
  • Trecho do livro “Iaiá Garcia”, de Machado de Assis.

Como o tema foi recebido?

Dentre as apostas de temas para a redação presente na 2ª fase da Fuvest, ningém havia imaginado o tema “perdão”. Temas ligados a tecnologia e democracia, ódio e engajamento nas redes, geração Z e mundo do trabalho, inteligência artificial, consumo e construção de identidade foram as apostas dos professores consultados anteriormente pela CNN Brasil.

De fato, o tema parece um pouco diferente dos temas adotados nos anos anteriores pela instituição. “Nos últimos exames, [eram] temas de redação mais concretos, mais sociais, mais próximos do universo de referência dos candidatos. Esse ano, então, ela volta a ter uma envergadura um pouco mais abstrata, filosófica, como já teve num passado um pouco mais distante”, considera Sérgio Paganim, professor de Redação do Curso Anglo.

Mas, ainda assim, os professores acreditam que o tema está alinhado ao estilo do vestibular. “Por levar uma reflexão mais crítica, por não haver uma solução pronta, uma resposta pronta necessariamente. Pode haver tanto a defesa de um ponto quanto de outro, ou até mesmo reflexões em situações em que o perdão poderia ser condicionado, ou situações em que caberiam perdão ilimitado”, reflete Amanda Rodrigues, analista pedagógica da plataforma Redação Nota 1000.

Para Paula Nogueira, professora do Objetivo, um dos caminhos para o aluno que escolhesse a redação dissertativa-argumentativa seria fazer uso de conhecimentos mais recentes das notícias. “Como as questões políticas, as questões religiosas, as questões sobre violência”, enumera. Um dos pontos é justamente o tema da anistia, bem como o cancelamento que ocorre nas redes sociais, como elenca Rodrigues.

Paganim ainda aponta como a questão dava margem a diversos tipos de argumentações. “Possível, então, defender que sim, e é possível dizer que não, que é um ato mais ilimitado e restrito, que não há condicionamento, e aí a banca deve ter apresentado recursos na coletânea para sustentar ambas as possibilidades”, pondera.

Mas Vinicíus Beltrão, gerente de ensino e inocações do SAS Educação, reforçou também o impacto dos textos de apoio. “Os textos como um todo, eles discorriam muito mais sobre a força do perdão. Os exemplos trazidos tinham uma visão positiva, eles de certa maneira estimulavam que você perdoasse as pessoas”, comenta.

Já na elaboração da carta, Nogueira reforça a importância da narração no texto. “Porque o candidato precisaria criar uma situação em que aconteceu uma ação que justificasse então essa decisão de perdoar ou não. Então envolve uma narração e algum momento reflexivo em que o ponto de vista sobre o perdão apareceria”, analisa a especialista.

O formato de carta já vem sendo pedido na redação da Unicamp, mas é a primeira vez que ele é cobrado na Fuvest. Rodrigues inclusive acredita que mais alunos devem ter escolhido a primeira opção por ser um estilo de texto mais estudado na preparação para o vestibular. “Eu julgo, inclusive, que a carta pode ser até mais complexa de elaborar que o texto dissertativo”, acredita Beltrão.

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