A melhor maneira de entrar de penetra em um desfile de moda é ser confiante e simpático — pelo menos de acordo com Dan Bassini, que fotografa a Semana de Moda de Nova York há quase uma década, sem estar nas listas de convidados.
Você pode encontrar o fotógrafo de Nova Jersey na rua tirando retratos de celebridades como Heidi Klum, Doja Cat ou Dove Cameron, mas ele também consegue entrar nos desfiles, registrando fotos da primeira fila apesar de não ser credenciado — foi assim que este repórter o conheceu, em um desfile de Elena Velez no ano passado. Uma vez, ele até conseguiu um lugar atrás do famoso corte bob elegante de Anna Wintour em um show da Coach.
“Eu nunca realmente quebrei a lei para entrar — nunca escalei uma janela de banheiro”, brinca ele em uma chamada de vídeo. Embora já tenha encontrado uma porta lateral esquecida, aberta e sem vigilância, ou avaliado o fluxo da multidão na entrada para se misturar a um grupo VIP.
“Provavelmente pareço alguém da equipe na maioria das situações, mas uso o fato de ser o mais discreto possível para entrar”, acrescentou, mencionando a camiseta neutra da Carhartt que costuma usar. “Nunca vou ser confundido com algum influenciador de alta moda.”
De vez em quando, Bassini tenta a sorte na porta com uma história vaga, como a de um gerente que esqueceu de colocá-lo na lista. Foi assim que ele conseguiu entrar em uma festa da Netflix para o reality show Next in Fashion, depois de conhecer e fotografar sua coapresentadora, Alexa Chung, do lado de fora. Bassini já observou o circuito de influenciadores e aspirantes que tentam uma abordagem mais exigente do tipo “você sabe quem eu sou?”, apenas para vê-los serem rejeitados sem cerimônia todas as vezes.
“A gentileza vai muito mais longe do que a arrogância nessas situações”, destaca.
Desde 2017, Bassini publica uma seleção de suas fotos em sua série contínua de zines No Invite, sendo a mais recente, nº 12, lançada no início deste verão, acompanhada de uma exposição em uma galeria no bairro do SoHo, em Nova York. A intimidade de seus registros rápidos, geralmente posados, se destaca das imagens das agências durante cada temporada de moda. Os vibrantes retratos em filme 35 mm de Bassini muitas vezes parecem como se ele estivesse em conversa com seus retratados, ou se despedindo de um amigo, com uma lente de câmera com a qual as celebridades parecem interagir em vez de evitar.
Às vezes, isso acontece porque ele realmente estava conversando com eles, muitas vezes sobre fotografia. Bassini carrega câmeras compactas point-and-shoot, ultimamente uma Yashica T4 ou Contax T2, pequenas o suficiente para passar despercebidas no bolso, mas que despertam uma reação nostálgica em modelos e atores. A atriz e diretora Jemima Kirke certa vez lhe perguntou como consertar sua câmera Polaroid enquanto esperava seu carro do lado de fora de um desfile da Puppets and Puppets, contou ele, enquanto Klum conversava poeticamente com ele sobre a sensação de revelar filmes em um laboratório.
Durante um desfile da Carolina Herrera em 2023 no The Plaza Hotel (um local que Bassini observou sempre ter sido fácil de infiltrar), a atriz Melissa Barrera o chamou de lado quando terminou uma entrevista.
“Eu pensei: ‘Estou encrencado? O que está acontecendo aqui?’”, recorda. “E ela disse: ‘Preciso saber onde posso revelar meus filmes em Nova York.’”
Hoje, Bassini viaja junto a um grupo de colegas fotógrafos que coletam informações sobre cada desfile; alguns deles a partir de trabalhos na semana de moda ou conexões na indústria. Eles mantêm as informações circulando em grupos de mensagens e planilhas, e Bassini aprecia a camaradagem disso tudo — embora seja conhecido por desaparecer a qualquer momento se avistar uma forma de entrar.
Mas em sua primeira tentativa de fotografar a Semana de Moda de Nova York, em um dia gelado de 2016, ele não tinha nenhuma conexão. Na época, a maioria dos desfiles acontecia no Skylight Clarkson Square, perto da West Side Highway, diferente da programação oficial atual, espalhada por diversos locais.
“Eu estava andando por Soho, perguntando às pessoas onde era a semana de moda. Foi constrangedor, e estava muito frio”, conta. Orientado em direção ao local principal, foi parar no lado errado do prédio e logo desistiu.
“Se eu tivesse apenas contornado, teria encontrado, mas quem sabe o que eu teria feito se tivesse”, afirma.
No setembro seguinte, ao visitar o Whitney Museum of American Art, ele acabou esbarrando em uma festa da New York Fashion Week e seu interesse foi renovado quando começou a fotografar o estilo de rua dos convidados. Seu verdadeiro avanço, porém, veio quando conseguiu uma pista sobre o local do desfile de Kanye West (hoje conhecido como Ye) para a coleção Yeezy Season 5 no Pier 59, no ano seguinte; ele fotografou os convidados estilosos que chegavam, incluindo a ex-modelo da Victoria’s Secret Georgia Fowler, cujo retrato foi a capa do primeiro volume de No Invite.
“A partir daí tudo fez sentido”, diz.
Atualmente, o desfile favorito de Bassini para entrar de penetra é o da Eckhaus Latta, a marca de moda contemporânea conhecida por seu apelo sem gênero — com o desfile de 10º aniversário, realizado no abandonado e deteriorado Essex Street Market, sendo um dos destaques. Até hoje, ele afirma nunca ter sido expulso de nenhum desfile, embora uma vez tenha sido flagrado por uma publicista que havia negado sua entrada em um show da Puppets and Puppets. Quando ela o viu fotografando os primeiros looks lá dentro, ele precisou despistá-la até o início do desfile.
E, apesar do número de celebridades que Bassini já fotografou ao longo dos anos, ele afirma não tirar retratos com base na fama, mas sim na atitude e no estilo. Convidados anônimos também preenchem suas páginas, enquanto descartes de Zendaya ou Natasha Lyonne não chegaram a entrar na edição final. Ele, no entanto, se sente lisonjeado quando descobre que seus retratados usam suas fotos como imagem de perfil nas redes sociais. Foi o caso de Alexa Chung, que usou seu retrato no Instagram por anos.
No entanto, “ela nunca me seguiu de volta”, afirma, rindo.