Fluxo de petróleo na Venezuela cai após ação dos EUA; navios dão meia-volta

O carregamento de petroleiros na Venezuela diminuiu nesta segunda-feira (22), com a maioria dos navios transportando cargas de petróleo apenas entre portos domésticos, após a ação dos EUA contra mais dois navios e enquanto a estatal de energia PDVSA luta para se recuperar de um ataque cibernético.

A Guarda Costeira dos EUA apreendeu neste mês um superpetroleiro que transportava petróleo venezuelano, sujeito a sanções, e tentou interceptar mais dois navios relacionados à Venezuela no fim de semana, disseram autoridades americanas.

Um deles é um navio vazio, também sujeito a sanções dos EUA, e o outro é um petroleiro totalmente carregado, sem sanções, com destino à China.

Washington não forneceu informações atualizadas sobre os navios. No entanto, o bloqueio anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, a todos os petroleiros sujeitos a sanções que entram e saem da Venezuela, manteve os proprietários de embarcações em alerta.

O ministro das Relações Exteriores do Panamá, Javier Martinez-Acha, afirmou em entrevista nesta segunda-feira que o superpetroleiro Centuries, que ostentava a bandeira do Panamá quando foi interceptado no sábado, não respeitou as normas marítimas do país, tendo alterado seu nome e desconectado seu transponder enquanto transportava uma carga de petróleo da Venezuela.

Um país que fornece sua bandeira a uma embarcação em seu registro oficial pode cancelar o registro do navio se uma investigação determinar que ele não seguiu as normas marítimas.

A campanha de pressão de Trump sobre o líder venezuelano Nicolás Maduro incluiu um aumento da presença militar na região e mais de duas dezenas de ataques militares contra embarcações que os EUA alegam transportar drogas no Oceano Pacífico e no Mar do Caribe, perto da nação sul-americana.

Pelo menos 100 pessoas morreram.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou na sexta-feira que o objetivo de Washington é garantir a estabilidade e a segurança regional, acrescentando que “o atual status quo com o regime venezuelano é intolerável para os Estados Unidos”.

Preços do petróleo sobem

As interceptações de embarcações representaram o golpe mais duro para a PDVSA desde que o Departamento do Tesouro dos EUA impôs sanções, em 2020, às antigas empresas de comercialização de petróleo da companhia, duas unidades da russa Rosneft, o que forçou cortes na produção e nas exportações.

Os contratos futuros do petróleo Brent subiram 2,4%, para US$ 61,94 o barril, na tarde desta segunda-feira (22), enquanto o petróleo bruto WTI dos EUA também subiu 2,4%, para US$ 57,89, após as ações dos EUA e em meio à guerra da Rússia contra a Ucrânia, com ambos os acontecimentos aumentando os temores de interrupções no fornecimento.

Nesta segunda-feira, a PDVSA havia entregado uma carga de 1,9 milhão de barris de petróleo bruto pesado ao navio Azure Voyager, de bandeira de Aruba e sujeito a sanções, no porto de Jose, mas nenhum outro superpetroleiro com destino à Ásia tinha previsão de carregamento em breve, segundo documentos internos da empresa.

O número de petroleiros carregados que não partiram aumentou nos últimos dias, deixando milhões de barris de petróleo venezuelano presos nos navios, enquanto os clientes exigem descontos maiores e alterações contratuais para realizar viagens arriscadas além das águas territoriais do país.

Alguns navios-tanque que se aproximavam da costa da Venezuela, seja para carregar petróleo para exportação ou para entregar nafta importada, também fizeram retornos ou suspenderam a navegação recentemente até que as instruções dos proprietários para o carregamento sejam esclarecidas, mostraram dados de monitoramento da LSEG nesta segunda-feira.

Após o ciberataque da semana passada, a PDVSA está gradualmente restaurando alguns sistemas online e recorrendo a registros em papel. A empresa não conseguiu restabelecer completamente seu sistema administrativo centralizado e muitos funcionários não receberam seus salários em dia, segundo fontes.

A PDVSA e o Ministério do Petróleo da Venezuela não responderam aos pedidos de comentários. O Ministro das Relações Exteriores do país, Yván Gil, afirmou nesta segunda-feira que as apreensões americanas são contrárias ao direito internacional e constituem “atos de pirataria”.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou na segunda-feira que as recentes interceptações americanas constituem uma grave violação do direito internacional.

A Chevron, principal parceira da PDVSA em uma joint venture, exportou no domingo (21) uma carga de 500 mil barris de petróleo venezuelano com destino à costa do Golfo dos EUA em um de seus navios-tanque, sob autorização dos EUA, conforme dados da LSEG.

A ministra do Petróleo, Delcy Rodríguez, afirmou no domingo que a Venezuela não interrompeu as entregas à Chevron.

Segundo dados de monitoramento, a Chevron exportou sete carregamentos de petróleo venezuelano para os EUA neste mês, cada um contendo entre 300.000 e 500.000 barris.

Perseguição dos EUA

O superpetroleiro vazio Bella 1, que a Guarda Costeira dos EUA tentou interceptar no domingo quando se aproximava da Venezuela, estava à deriva nesta segunda-feira a nordeste das Bermudas, no Caribe, conforme mostrou uma imagem de satélite obtida pelo TankerTrackers.com.

Um funcionário americano disse à Reuters no domingo que o petroleiro não havia sido abordado e que as interceptações poderiam assumir diferentes formas, incluindo navegar ou sobrevoar perto de embarcações suspeitas.

O navio carregado Skipper, o primeiro apreendido pelos EUA neste mês, chegou no domingo a uma área próxima ao porto de Galveston, no Texas, para transferência de cargas de petróleo, disseram fontes marítimas. A Guiana afirmou na semana passada que o petroleiro havia usado indevidamente sua bandeira.

Segundo o site TankerTrackers.com, em conjunto, os navios Skipper, Centuries e Bella 1 exportaram 41 milhões de barris de petróleo bruto e óleo combustível do Irã e da Venezuela nos últimos anos.

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