Um atacante de 1,90m, que há cinco anos disputava uma liga regional na Argentina e, hoje, está na final da Copa Libertadores como artilheiro da competição.
José Manuel Alberto López, o Flaco, natural da Província de Corrientes, não era goleador na base e foi dispensado por Boca Juniors e Independiente. Ele jogava como 10 ou como ponta, sempre servindo seus companheiros — característica que ainda mantém, mas que hoje não é a principal.
Para chegar à artilharia de uma competição de alto escalão como a Libertadores, Flaco primeiro teve que brilhar em um campeonato semiprofissional pelo modesto Colegiales Tres Arroyos. É o que conta à CNN Brasil o “descobridor” do jogador, Javier Kloz.
“Na base, Flaco era armador, gerador de jogadas. Hoje, ele faz gols de cabeça, chega à área bem, mas também não tem problema de gerar jogo mais atrás. Segue sendo esse jogador com uma visão periférica incrível”, diz Kloz.
“No Colegiales Tres Arroyos, foi onde ele explodiu. Lá, ele cresceu em altura, em físico, e foi aí que começou a marcar gols. E eu lembro que eles se tornaram campeões”, complementou.
Flaco estava na equipe Reserva do Lanús, que funciona como o time “B” do clube, e não era aproveitado quando foi emprestado ao Colegiales Tres Arroyos.
O atacante, no entanto, fez uma competição impecável, sendo artilheiro e conquistando o título da liga regional com a equipe. O bom rendimento chamou a atenção do Lanús, que trouxe o jogador de volta.
Flaco passou a ter mais chances de treinar com o profissional do Granate em sua volta ao clube e, sob o comando do técnico Luis Zubeldía, ex-São Paulo e atualmente no Fluminense, fez sua estreia na equipe principal no dia 3 de janeiro de 2021.
Para Kloz, a mentalidade de Flaco foi a chave para que ele realizasse o sonho de se tornar jogador.
Foi uma emoção muito grande vê-lo no profissional. Quando tudo parecia impossível, ele seguia com o objetivo de ser jogador. José é muito responsável, se cuida muito. Creio que não é coincidência tudo isso que ele está vivendo
A trajetória de Flaco López até o profissional
Antes de chegar à base do Independiente, Flaco, filho de um pescador de Corrientes, foi rejeitado em um teste do Boca Juniors. Mas foi esse “não” que o levou ao clube de Avellaneda.
Isso porque foi no dia da negativa do Boca que Flaco conheceu Javier Kloz, que tinha uma escolinha de futebol e viu talento no franzino e tímido menino canhoto.
“Flaco é uma pessoa excelente, um menino ingênuo, muito bem formado. Ele sempre foi bem no colégio. Era tímido. É prudente para falar, e sempre teve talento em campo”, conta Kloz.
No Independiente, Flaco ficou por seis anos na base, mas não subiu para o time profissional e nem foi emprestado para ganhar experiência em um time de menor expressão.
O clube de Avellaneda o dispensou e Kloz teve que encontrar um novo rumo para o garoto, que já beirava uma idade de sub-17, bem perto da última categoria de base (sub-20) antes do profissional.
Foi quando Kloz conseguiu um teste para Flaco no Lanús por meio de um amigo. O garoto agradou e seguiu por dois anos na base do clube. Sem espaço na equipe B, porém, López foi emprestado para um time amador, que disputava uma liga regional na Argentina. E foi lá que mudou seu estilo de jogo e passou a criar uma intimidade maior com o gol.
Em sua primeira temporada como profissional, Flaco conseguiu estufar as redes 22 vezes e chamar a atenção de grandes clubes. Entre eles, o Palmeiras.
O Verdão desembolsou cerca de 9 milhões de euros pelo atacante. Como tudo na vida de Flaco, a chegada ao Brasil também não foi fácil e exigiu tempo para adaptação.
“Não foi fácil. José passou por momentos difíceis, mas quando tudo parecia impossível ele ainda seguia com o objetivo em sua cabeça de ser jogador profissional. Recentemente, conversamos e ele me disse que Abel exige muito dele, para melhorar, para aprender… ele consulta muito o preparador físico, os nutricionistas. Então ele se prepara e eu acho que não é coincidência tudo isso que ele está vivendo”, completa o antigo treinador do artilheiro da Libertadores.