A atriz Sydney Sweeney, 27, que esteve envolvida em uma polêmica de uma propaganda de jeans, na qual usuários da web acusaram a campanha de racismo e eugenia, tem filiação com o Partido Republicano nos Estados Unidos. O partido é o mesmo do atual presidente, Donald Trump, e representa a direita no país.
A informação foi confirmada pela CNN neste domingo (3) após usuários do X (antigo Twitter) descobrirem a inclinação política da atriz e o site “Buzzfeed” publicar uma matéria do assunto.
O registro de Sydney fica no estado da Flórida, nos EUA, e mostra o nome completo da atriz, o número de registro de eleitor, data de aniversário e endereço residencial.
É possível verificar a informação na seção “My Registration Status” no site oficial da Secretaria de Estado da Flórida (Florida Department of State — Division of Elections).
Entenda a polêmica
A busca pela filiação política de Sydney começou após a nova campanha da estrela de Hollywood para a American Eagle.
O anúncio, intitulado “Sydney Sweeney Has Great Jeans” (ou “Sydney Sweeney tem ótimos jeans”), foi lançada dia 23 de julho, com alguns vídeos da atriz vestindo as peças da marca. Um dos pontos levantados pela campanha é o fato de que o slogan faz um trocadilho entre a palavra “jeans” e “genes”, principalmente pela semelhança fonética entre as palavras em inglês.
O jogo de palavras foi acusado ter cunho racial e sugerir superioridade genética, visto que a intérprete de Cassie em “Euphoria” é uma mulher branca, loira e de olhos claros.
Na propaganda, Sydney diz: “Os genes são transmitidos de pais para filhos, muitas vezes determinando características como cor do cabelo, personalidade e até mesmo a cor dos olhos. Meu jeans é azul”. Até que uma voz, ao fundo, completa falando o slogan: “Sydney Sweeney tem jeans ótimos”.
Sayantani DasGupta, que é autora, médica e docente do curso de Medicina Narrativa na Universidade de Columbia afirmou que a propaganda está “embutida de mensagem eugenista”. “Propagandas não nos vendem produtos, vendem noções de amor, sexualidade, corpos e afins… Sydney pontua esse paralelo entre ‘genes’ e ‘jeans’ ao falar sobre as características passadas de pai para filho. E uma mulher racializada não teria sido contratada para essa campanha”, acrescenta.
A eugenia é uma pseudociência que visa a “melhoria genética dos seres humanos” e, segundo a National Human Genome Research Institute, uma “teoria imprecisa, ligada a formas históricas e atuais de discriminação, racismo, capacitismo e colonialismo”.
Um outro ponto também é levantado pela semelhança da campanha de 2025 com a o anúncio de 1991 de Brooke Shields, com 15 anos época, para a Calvin Klein. Além de também trazer uma mensagem sobre características genéticas, a estrela adolescente dizia: “Quer saber o que há entre eu e meus jeans? Nada”.
Rachel Lowestein, consultora cultural de marcas aponta que a propaganda da American Eagle está voltando a “mais antiga estratégia de publicidade: sexo vende”. Ela aponta que mesmo com tantas mulheres incomodadas com o tom da propaganda, o valor da marca teve um pico no mercado – em fato as ações da empresa subiram 10% em alguns dias, adicionando US$ 200 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão), ao valor do grupo, afirmou a Vanity Fair.
Até o momento, a atriz ou a American Eagle não emitiram nenhum declaração formal sobre o tema. Segundo uma publicação no Linkedin de Asheley Schapiro, vice-presidente de Marketing da empresa, ela e Sydney tiveram uma conversa prévia sobre os limites da campanha: “Perguntamos: ‘Até onde você quer ir?’ e ela deu um sorrisinho e disse: ‘Vamos, eu topo'”.
A American Eagle se pronunciou sobre a polêmica na sexta-feira (1º) no Instagram. “‘Sydney Sweeney tem um jeans ótimo’ é e sempre foi sobre jeans. O jeans dela. A história dela”, começa a nota.
“Continuaremos a celebrar como todos vestem American Eagle com confiança e do próprio jeito. Jeans ótimos parecem uma boa ideia para todos”, finaliza.
Sydney Sweeney ainda não comentou a polêmica.
Veja a propaganda: