Apesar de bem vinda, a ajuda emergencial que o governo sinalizou ao setor produtivo nos últimos dias não seria suficiente para o Brasil atravessar o tarifaço dos Estados Unidos, na avaliação da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais). Para a entidade, um caminho seria a busca por mercados que absorvam a produção.
“Se a empresa não tem para quem vender, não adianta porque a ajuda financeira também tem de ser paga”, disse em nota desta quarta-feira (23).
Incentivos fiscais também seriam bem recebidos, segundo a entidade. Contudo, a Fiemg reforça que, para as empresas que têm alta dependência do comércio com os EUA, “a única solução seria a negociação de um acordo com os Estados Unidos”.
À CNN, o presidente da entidade, Flavio Roscoe, ressalta que é incerto o redirecionamento dos itens que seriam enviados ao mercado norte-americano para outros.
Enquanto itens como o café tendem a encontrar alternativas mais facilmente, uma vez que vivem um cenário de déficit global, outros produtos, especialmente os industrializados, devem enfrentar mais dificuldades nesse reposicionamento, afirma o presidente da Fiemg.
Ele ponderou que os EUA são o principal destino das exportações brasileiras de manufaturados, o que iria requerer uma reorganização grande e demorada no mercado.
Caso a tarifa contra o Brasil vigore e trave nossas exportações, Roscoe avaliou que precisamos observar quem irá ocupar o espaço deixado pelos produtos brasileiros nas prateleiras norte-americanas e, eventualmente, analisar se o país poderá preencher as lacunas deixadas por esses exportadores em outros mercados.
“Ainda não é possível afirmar quais mercados se abrirão, pois toda a geopolítica comercial internacional precisará se reacomodar diante desse novo cenário — o que pode levar tempo e gerar impactos significativos para a indústria nacional”, disse o industrial à CNN.
“Por isso, reforçamos: a melhor saída para o Brasil é a construção de um acordo que reduza as tarifas e as tensões com os Estados Unidos.”
A partir do dia 1º de agosto, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve colocar em vigor uma alíquota de 50% sobre os produtos importados do Brasil.
Na segunda-feira (21), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, em entrevista à rádio CBN, que o governo avalia um plano de apoio às empresas afetadas pelas tarifas de Trump, acrescentando que a medida não necessariamente implicaria no aumento de gasto primário, em ação comparável à ajuda ao Rio Grande do Sul após as enchentes. Segundo o número 2 da Fazenda, o secretário-executivo Dario Durigan, as ações de apoio a empresas serão pontuais.
“Gostaria de destacar que este é um momento decisivo para o Brasil. Precisamos agir com responsabilidade, estratégia e diálogo. O fortalecimento das relações comerciais com os Estados Unidos é fundamental para garantir competitividade, preservar empregos e manter o dinamismo da indústria nacional”, afirmou Roscoe à CNN.