O preço da arroba do boi deve atingir R$ 333,10 em 2026, alta de 6% em relação a 2025, segundo projeções do mercado. A oferta de animais deve se manter moderada ao longo do próximo ano, mas a entrada do período sazonal de venda de fêmeas aumenta a importância de que as exportações de carne, especialmente para a China, continuem estáveis para evitar queda nos preços.
Para Cesar de Castro Alves, gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA, “manter o fluxo de exportações para a China nos próximos meses será fundamental para evitar pressão sobre os preços do boi gordo, em um cenário de oferta confortável no curto prazo”.
O governo chinês adiou de novembro para janeiro de 2026 a conclusão de uma investigação que pode afetar as importações de carne bovina pelo país, em um movimento que alivia momentaneamente o mercado internacional.
A investigação, aberta em dezembro de 2024, analisa se o aumento das importações — incluindo grandes volumes vindos do Brasil — prejudica a produção e os preços domésticos na China.
Caso os chineses concluam que há prejuízo, o país poderia aplicar tarifas extras, cotas ou outras restrições temporárias para proteger sua indústria local. O adiamento dá mais tempo para que governos e empresas exportadoras apresentem dados e argumentos antes de qualquer decisão final.
Com o mercado físico estável, os contratos de curto prazo devem seguir nos níveis atuais, sem grandes altas.
Preço da carne
A relação entre os preços da carne e do boi ainda indica espaço para avanços pontuais, mas a oferta elevada limita movimentos consistentes de alta de preços para o consumidor. Dados preliminares de abates federais em novembro mostram manutenção do ritmo forte observado em setembro e outubro.
Um indicador importante nesse cenário é a escala de abate, que mostra quantos dias de gado já comprados os frigoríficos têm programados para abater. Uma escala longa indica muitos animais já comprados e programados, enquanto uma escala curta mostra menos oferta imediata.
Esse indicador influencia diretamente os preços: escalas longas permitem que os frigoríficos programem os abates com menos pressão de compra, enquanto escalas curtas aumentam a urgência por animais e podem sustentar os preços pagos ao pecuarista.
No mercado, existem dois termos comuns para diferenciar os animais:
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Boi magro: é o animal mais jovem ou menos desenvolvido, ainda em fase de engorda. Como é mais difícil de repor, seu preço tende a subir quando a oferta diminui.
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Boi gordo: é o animal pronto para abate, já com peso adequado para produzir carne. É a referência direta para o preço da arroba no mercado.
As margens para confinamentos permanecem positivas, considerando os preços futuros do boi gordo e os custos da ração. Para os bezerros, a expectativa é de continuidade da valorização, com oferta restrita e pressão sobre a recria (fase de crescimento) e a engorda (fase de preparação para abate).