Um ex-gerente do necrotério da Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, foi condenado na terça-feira (16) a oito anos de prisão por roubar e vender órgãos e outras partes de cadáveres doados à instituição para pesquisa e educação médica.
Cedric Lodge, que administrou o necrotério da instituição de ensino por mais de duas décadas antes de sua prisão em 2023, foi sentenciado pelo juiz distrital, Matthew Brann, no estado americano da Pensilvânia, após se declarar culpado em maio por transportar mercadorias roubadas pelas fronteiras estaduais.
A esposa do homem de 58 anos, Denise Lodge, também foi condenada a um ano de prisão após admitir participação na venda de restos mortais humanos roubados que seu marido obteve por meio de sua posição em Harvard.
Os promotores afirmaram que Cedric Lodge, de 2018 até pelo menos março de 2020, roubou partes de cadáveres, incluindo cabeças, rostos, cérebros, pele e mãos, após estes terem sido utilizados para fins de pesquisa e ensino, e as transportou do necrotério de Harvard, no estado de Massachusetts, para a casa dele, no estado de New Hampshire.
Juntos, o casal vendeu os restos mortais roubados para inúmeras pessoas, incluindo duas na Pensilvânia, que, em sua maioria, revenderam os corpos, afirmaram os promotores.
Eles pediram a Brann que impusesse a pena máxima de 10 anos de prisão, alegando que a conduta “choca a consciência” e foi realizada “para o divertimento da perturbadora comunidade de ‘curiosos'”.
“Ele causou profundo sofrimento emocional a um número incontável de familiares, que ficaram sem saber o que aconteceu com os corpos de seus entes queridos”, escreveu a acusação em um documento judicial.
Patrick Casey, advogado de Lodge, não respondeu aos pedidos de comentários.
Nos autos do processo, ele pediu ao juiz que evitasse uma sentença tão “severa”, embora reconhecesse “o dano que suas ações infligiram tanto às pessoas falecidas, cujos corpos ele degradou cruelmente, quanto às suas famílias enlutadas”.
Em um comunicado, a Faculdade de Medicina de Harvard classificou as ações de Lodge como “abomináveis e incompatíveis com os padrões e valores que Harvard, nossos doadores de órgãos e seus entes queridos esperam e merecem”.
Acrescentou ainda que lamenta profundamente pelas famílias dos doadores que possam ter sido afetadas.
Em outubro, a Suprema Corte de Massachusetts autorizou diversas famílias a processarem Harvard, alegando que a instituição lidou de forma inadequada com os corpos de seus entes queridos.