Os Estados Unidos não enviarão nenhuma autoridade de alto nível para a COP30, disse uma autoridade da Casa Branca à Reuters. O Brasil vai sediar uma cúpula de líderes de alto nível na próxima semana, antes do início das negociações climáticas da ONU na cidade de Belém.
No início deste mês, os EUA ameaçaram usar restrições de vistos e sanções para retaliar as nações que votassem a favor de um plano apresentado pela agência de navegação das Nações Unidas, a Organização Marítima Internacional (OMI), para reduzir as emissões de gases de efeito estufa provenientes da navegação oceânica.
Essas táticas levaram a maioria dos países da OMI a votar pelo adiamento, por um ano, da decisão sobre a implementação de um preço global de carbono para o transporte marítimo internacional.
Segundo a autoridade da Casa Branca, o presidente Donald Trump já deixou claro o ponto de vista de seu governo em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas no mês passado, quando ele chamou a mudança climática de “o maior golpe do mundo” e repreendeu as nações por estabelecerem políticas climáticas que, segundo ele, “custaram fortunas a seus países”.
“O presidente está se envolvendo diretamente com líderes de todo o mundo em questões energéticas, o que pode ser visto nos históricos acordos comerciais e acordos de paz que têm um foco significativo em parcerias energéticas”, disse a autoridade da Casa Branca à Reuters em um email.
O governo Trump tem buscado acordos bilaterais de energia em suas negociações comerciais para impulsionar as exportações de gás natural liquefeito (GNL) dos EUA com países como a Coreia do Sul e a União Europeia.
Nesta sexta-feira (31), o secretário de Energia dos EUA, Chris Wright, disse que há “espaço para um grande comércio de energia entre a China e os Estados Unidos”, dada a necessidade de gás natural por parte dos chineses, enquanto os dois gigantes econômicos negociam sobre tarifas.
Trump anunciou em seu primeiro dia no cargo que os EUA iriam sair do Acordo de Paris, assinado em 2015. O Departamento de Estado tem analisado o envolvimento dos EUA em acordos ambientais multilaterais.
No início deste ano, os EUA também pressionaram os países que negociam um tratado global para reduzir a poluição a não apoiar um acordo que estabeleceria limites para a produção de plástico.
A autoridade da Casa Branca disse à Reuters que “a maré está mudando” e apontou para um memorando do bilionário e filantropo Bill Gates publicado nesta semana.
O empresário, conhecido por ser um grande investidor nas causas climáticas, argumenta que os recursos devem ser desviados da batalha contra as mudanças climáticas e aplicados na prevenção de doenças e fome.