Estudo revela perfil de pacientes que buscam cannabis medicinal no Brasil

Um levantamento inédito realizado pela plataforma Blis Data em 2025 traçou um diagnóstico detalhado da saúde mental e física de brasileiros que buscam terapias alternativas.

O estudo, que compõe o maior banco de dados canábicos da América Latina com mais de 30 mil pacientes em 1.900 municípios, aponta o estresse como a condição clínica mais recorrente no país. No topo do ranking das metrópoles mais afetadas pelo esgotamento e pela falta de sono, São Paulo lidera o índice nacional, seguida de perto por Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. 

 Quem são os brasileiros que recorrem ao uso da cannabis medicinal?

Os números revelam um cenário de exaustão em uma parcela da população que é socialmente ativa e produtiva.

Entre os participantes, 90% estão empregados, 70% são casados e a maioria mantém hábitos considerados saudáveis, como a prática regular de exercícios físicos.

No entanto, os números associados à doenças de natureza emocional são expressivos: cerca de 15 mil pacientes declararam viver em estado de estresse crônico, 40% já enfrentaram crises de pânico e 66% relatam que já acordam estressados.

O impacto atinge até mesmo a terceira idade, com o registro de um paciente de 102 anos buscando tratamento para insônia através da cannabis. 

Segundo Toninho Correa, CEO da Blis e responsável pelo levantamento, o objetivo da compilação desses dados é fundamentar o debate sobre saúde pública e futuras ações para o uso terapêutico da cannabis. “Com mais de 30 mil anamneses catalogadas e qualificadas, nosso banco de dados está pronto para poder ajudar na saúde pública e também na construção de maior conhecimento sobre as possibilidades e reais efeitos desse tipo de medicina no Brasil e no mundo”, destacou Correa. 

O perfil do esgotamento 

Embora o estigma em torno da cannabis medicinal ainda persista em setores da sociedade, a busca pela substância cresce entre aqueles que não encontraram alívio nos métodos convencionais.

O perfil dos pacientes apresenta nuances de gênero interessantes: entre os homens, o esgotamento mental é a queixa principal (65% dos casos), enquanto entre as mulheres, a dor crônica supera a insônia e o estresse. O estudo também destaca que mais de 65% das pacientes mulheres são mães. 

A insônia, que motiva 18% dos atendimentos, atinge seu pico de incidência em brasileiros entre 41 e 43 anos, sendo que a média de idade do insone no país é de 48 anos. Regionalmente, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste concentram mais de 75% dos casos de distúrbios do sono. Proporcionalmente, o Distrito Federal aparece como a unidade da federação com o maior índice de esgotamento emocional. 

O levantamento reforça que o questões de saúde mental no Brasil contemporâneo não escolhe classe ou estilo de vida, mas se manifesta com força na maturidade. Cerca de 51% dos entrevistados relatam falhas frequentes de memória e 43% convivem com uma tristeza quase diária.

Para muitos desses pacientes, a cannabis surge como uma última fronteira terapêutica após o uso prolongado de medicamentos alopáticos e outras terapias integrativas, consolidando-se como uma alternativa para quem busca recuperar a qualidade de vida em meio a rotinas de alta pressão. 

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