Entenda como UE pretende usar dinheiro da Rússia para ajudar a Ucrânia

A União Europeia elabora uma estratégia financeira para auxiliar a Ucrânia em sua reconstrução, utilizando recursos provenientes de ativos russos congelados, plano que o presidente russo, Vladimir Putin, classificou como “roubo à luz do dia” durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira (19). O editor de internacional da CNN Diego Pavão explica o assunto.

O esquema europeu prevê inicialmente um empréstimo de 90 bilhões de euros para a Ucrânia, que enfrentará um significativo déficit orçamentário no próximo ano devido à guerra. A falta de liquidez na economia ucraniana tornou essa assistência financeira urgente, mas o plano mais ambicioso da UE envolve o uso de cerca de 180 bilhões de euros em ativos russos que foram congelados quando as sanções contra Moscou foram implementadas.

Como funcionaria o mecanismo financeiro

Pavão explica que os recursos russos estão depositados na Euroclear, uma empresa que funciona como uma grande “caixa-forte” para armazenamento de ativos financeiros internacionais. A União Europeia pretende realizar uma manobra jurídica complexa: em vez de simplesmente confiscar esses recursos – o que seria ilegal segundo o Direito Internacional – planeja pegar esse dinheiro “emprestado” da Euroclear e repassá-lo à Ucrânia também como empréstimo.

“Na prática, a Ucrânia receberia os fundos com a condição de que só precisaria devolvê-los quando a Rússia pagasse indenizações pelos danos causados pela guerra – algo que Moscou já declarou que não fará”, diz o editor da CNN. Nesse cenário, os ativos russos congelados funcionariam como uma espécie de caução, permitindo que a UE retenha permanentemente esses recursos caso a Rússia não pague as reparações de guerra.

Esta estratégia financeira é considerada uma forma de contornar obstáculos legais internacionais contra o confisco direto de bens estrangeiros. A União Europeia argumenta que não está tomando definitivamente os ativos russos, mas utilizando um mecanismo de empréstimo que permite destinar recursos para a reconstrução ucraniana.

“A implementação desse plano elevaria significativamente as tensões entre Rússia e Ocidente. Putin já expressou forte indignação, classificando a iniciativa como uma tentativa de roubo”, destaca Pavão. O esquema representa um novo capítulo no conflito econômico que acompanha a guerra militar, com implicações potencialmente duradouras para as relações internacionais e o sistema financeiro global.

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