No mês em que se comemora o empreendedorismo feminino, o fundo de impacto Estímulo, que atua com inclusão financeira e capacitação para micro e pequenos empreendedores brasileiros, anuncia mais de R$ 101 milhões de crédito originado em vertical exclusiva para mulheres. Ao todo, o fundo já atingiu R$ 400 milhões.
São 1,6 mil micro e pequenas empreendedoras impactadas, impulsionando negócios de todas as regiões do Brasil. 88% dos financiamentos foram destinados a mulheres em regiões de baixa renda e um terço delas nunca tiveram acesso a crédito antes.
O fundo ainda registra que as mulheres têm cerca de 26% menos inadimplência do que os homens. O desembolso para mulheres impactou em mais de 17 mil empregos e 49 mil pessoas.
“Uma mulher empreendedora traz um maior impacto para a sociedade. Ela investe mais na educação dos filhos, por exemplo. Fora que a inadimplência é menor em comparação aos homens empreendedores”, analisa Lucas Conrado, diretor-executivo do fundo Estímulo.
Ele ainda completa que a ideia da atuação direcionada tem intuito de reduzir barreiras e aumentar oportunidades.
O fundo é estruturado no modelo de Blended Finance, que permite um arranjo financeiro que leva aos micro e pequenos empreendedores várias vantagens na hora de tomar crédito. Não há a necessidade de garantias reais, como casa ou carro.
A taxa mensal varia de 1,99% a 2,99% (dependendo da saúde financeira da empresa) — consideravelmente mais baixa se comparada às linhas de crédito tradicionais. O tempo de carência é de até dois meses para começar a pagar e as parcelas fixas podem ser divididas em até 24 vezes. Todo o processo é 100% digital, com depósito rápido, em até 5 dias, diretamente na conta PJ.
Além do crédito, o Estímulo registra ainda programas de capacitação, seja em cursos gratuitos, mentorias ou consultorias. Quase 40% das pessoas capacitadas são mulheres. A base passa um pouco mais de 190 mil empreendedores. A iniciativa conta o apoio direto de empresas como Itaú, Vale, BTG Pactual, B3, Serasa, Santander, Master, Meta e Google.
Perfil da Empreendedora
- 63% têm entre 30 e 50 anos, liderando com experiência e visão de futuro;
- Atuam nos setores que movimentam a economia local:
🍽️ Alimentação 18%
💇♀️ Saúde & Beleza 14%
👗 Vestuário 4%
- 48% faturam até R$ 50 mil/mês, mostrando a força dos pequenos negócios;
- 85% têm até 10 funcionários, gerando emprego e renda nas comunidades.
Inclusão financeira
Rita de Cássia é proprietária de uma confecção localizada em Fortaleza (CE). O negócio nasceu pouco antes da pandemia, quando ela começou a vender peças prontas.
Com o tempo, Rita e o marido decidiram fabricar suas próprias roupas e, aos poucos, ampliaram a linha. Hoje, a empresa produz calças, bermudas e shorts jeans masculinos, com foco principal no atacado, e conta também com uma loja física.
A ideia de empreender surgiu da combinação das experiências do casal: Rita já trabalhava há anos com costura e produção, enquanto o marido atuava com vendas.
Unindo forças, começaram de forma informal, encarando o desafio de construir algo próprio. Durante a pandemia, o negócio precisou parar por um tempo, mas o casal rapidamente se adaptou ao digital, vendendo tanto no varejo quanto no atacado. Com o retorno gradual das atividades, optaram por concentrar os esforços exclusivamente no atacado, modelo que se mostrou mais rentável e sustentável.
Atualmente, a confecção fatura entre R$ 140 mil e R$ 160 mil por mês. Toda a operação é realizada com uma equipe terceirizada composta por 25 costureiras, 3 profissionais de acabamento, 3 vendedores e uma lavanderia também terceirizada.
Rita nunca havia conseguido crédito da forma tradicional, seu primeiro foi conquistado por meio do Estímulo, que disponibilizou R$ 131 mil em cinco dias na conta PJ.
Agora, o plano é adquirir mais insumos, aumentar a capacidade de produção e atender a uma demanda maior de clientes. A estratégia é crescer de forma organizada, mantendo a qualidade das peças e consolidando a atuação no atacado — segmento que hoje representa a principal força da confecção de Rita de Cássia.