Dólar fecha em queda com Fed e Galípolo no radar; Bolsa sobe

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar fechou em queda de 0,12%, cotado a R$ 5,395, nesta segunda-feira (24), em meio ao aumento das apostas de que o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) cortará os juros nos Estados Unidos na reunião dos dias 9 e 10 de dezembro.

No Brasil, a participação do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) esteve no foco dos investidores. A repercussão política da prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, realizada no último sábado (22), também permaneceu no radar dos analistas.

A Bolsa, impactada por um maior apetite ao risco no exterior, encerrou o pregão com alta de 0,32%, a 155.277 pontos.

No mercado doméstico, as atenções do pregão estiveram concentradas em agendas de autoridades econômicas e no cenário político.

Nesta segunda, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, voltou a afirmar que o Banco Central não está satisfeito com o atual nível da inflação, fora da meta de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. “Não é papel do BC ser ombudsman da política fiscal. A bola que temos que ficar de olho é a inflação”, disse.

Ele também disse que o regulador precisa de uma evolução constante e que bancos são instituições falíveis. Na ocasião, o chefe da autarquia havia sido questionado sobre a liquidação do Banco Master. “Acontece nos EUA, na Suíça, acontece. O importante é aprendermos e inovarmos para não repetirmos problemas”, afirmou.

Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, diz que o discurso do Galípolo reforça o compromisso do Banco Central de combater a inflação. “Ele ainda está incomodado com o patamar atual de preços e, por isso, tem reforçado que não tem espaço para cortar juros neste ano”.

Ainda por aqui, a Primeira Turma do STF decidiu por 4 a 0 manter prisão de Bolsonaro. Moraes, relator do caso, reafirmou a sua decisão de prender Bolsonaro e defendeu que os demais ministros da turma validassem a medida -Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia seguiram o relator em seus votos.

Moraes, ao determinar a prisão, citou a violação da tornozeleira eletrônica no início da madrugada de sábado e o risco de fuga dele para a embaixada dos EUA durante uma vigília que foi convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente.

Na madrugada, o ex-presidente havia tentando romper a sua tornozeleira eletrônica com ferro de solda, como ele mesmo admitiu a agentes penitenciários. “Usei ferro quente, ferro quente aí curiosidade”, disse.

Os advogados de Jair Bolsonaro (PL) afirmaram que a prisão do ex-presidente causou “profunda perplexidade” por se basear na realização de uma “vigília de orações”. Eles não deram explicações, no entanto, sobre a tentativa de violação da tornozeleira eletrônica detectada pela Polícia Federal.

Segundo Otávio Araújo, consultor sênior da Zero Markets Brasil, o mercado financeiro doméstico permaneceu tranquilo frente à prisão de Bolsonaro, pois o evento já estava precificado. “A maior preocupação do mercado é com as consequências eleitorais e sucessão política, questões que podem afetar o valor de ativos”, afirma.

No cenário internacional, o foco continuou sobre a política de juros do Fed. Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, investidores veem uma chance de 80,9% de que o banco central americana reduza a taxa de juros para 3,50% a 3,75%, em dezembro -hoje é de 3,75% a 4,00%.

Reduções nos juros dos EUA costumam ser uma boa notícia para os mercados globais -e o oposto também é verdadeiro. Como a economia norte-americana é vista como a mais sólida do mundo, os títulos do Tesouro, também chamados de “treasuries”, são um investimento praticamente livre de risco.

Quando os juros estão altos, os rendimentos atrativos das treasuries levam operadores a tirar dinheiro de outros mercados. Quando eles caem, a estratégia de diversificação vira o norte, e investimentos alternativos ganham destaque.

O ânimo dos investidores derivou de comentários do diretor do Fed de Nova York, John Williams, na sexta-feira (21). Ele disse acreditar que as taxas de juros dos EUA poderiam cair sem colocar em risco a meta de inflação da instituição.

Williams se soma aos diretores indicados por Trump, que costumam defender um ritmo maior de cortes: Stephen Miran, Christopher Waller e Michelle Bowman.

Na quinta, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que a economia norte-americana gerou 119 mil postos de trabalho em setembro, ante projeção de 50 mil vagas de economistas ouvidos pela Reuters. O relatório é conhecido como “payroll”.

Segundo Marcio Riauba, head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio, o resultado acima do esperado do payroll pode reforçar a visão de que a economia americana continua aquecida, e limitar um ritmo maior de cortes.

“O payroll americano chegou acima do esperado, interrompendo uma sequência de quatro meses consecutivos em que os empregos criados ficaram abaixo de 100 mil vagas. O resultado mostra que o mercado de trabalho americano segue forte, o que aumenta os temores sobre uma pressão inflacionária”, afirma.

Rodrigo Moliterno, da Veedha Investimento, destaca que a semana terá as divulgação de dados do PIB (Produto Interno Bruto) e PCE (Núcleo de Índice de Preços) dos EUA, que devem afetar as projeções para a próxima reunião do Fed. Os números devem ser revelados nesta quarta-feira (26).

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