O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima divulgou nesta quinta-feira (8) que os alertas de desmatamento na Amazônia atingiram 4.495 km² entre agosto de 2024 e julho de 2025.
O número representa um aumento de 4% em relação ao período anterior, influenciado principalmente pelos incêndios florestais registrados no segundo semestre do ano passado. Ainda assim, o volume é o segundo menor da série histórica do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Considerando apenas as áreas com alerta de desmatamento por corte raso, sem uso do fogo, houve queda de 8% — o menor nível já registrado pelo sistema. Os dados do Deter, que usa imagens de satélite e fornece alertas diários, indicam tendências e subsidiam ações de fiscalização. A taxa oficial anual de desmatamento é calculada pelo sistema Prodes, também do Inpe, e deve ser divulgada em novembro.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que os incêndios em florestas úmidas vêm sendo agravados pela mudança climática e foram responsáveis por quase metade da perda de floresta tropical primária no mundo em 2024, segundo estudo do World Resources Institute (WRI). Apesar do cenário, Marina afirmou que o Brasil mantém o compromisso de alcançar o desmatamento zero até 2030.
Entre os estados que mais contribuíram para o índice atual, Rondônia apresentou queda de 35% e o Pará, de 21%. Por outro lado, Mato Grosso teve alta de 74% e o Amazonas, de 3%, ambos impactados pelos incêndios.
No Cerrado, os alertas de desmatamento caíram 20,8%, passando de 7.014 km² para 5.555 km². Os maiores recuos foram registrados no Maranhão e em Minas Gerais (ambos com -34%), seguidos por Tocantins (-29%), Mato Grosso (-19%) e Bahia (-7%). Apenas o Piauí apresentou aumento, de 33%.
Já no Pantanal, a redução foi de 72%, com área sob alerta caindo de 1.148 km² para 319 km². As cicatrizes de queimadas no bioma também recuaram 9% nos últimos 12 meses, conforme estimativa do Inpe.
Segundo o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, os resultados no Pantanal foram alcançados apesar das piores condições climáticas já registradas no bioma, graças à atuação coordenada entre ministérios e ações emergenciais de prevenção.
Ações de fiscalização também foram reforçadas. Na Amazônia, o Ibama realizou 9.540 operações no último ano, resultando em R$ 2,4 bilhões em multas, 3.111 termos de embargo e 2.124 apreensões. No Cerrado, foram aplicadas penalidades que somam R$ 607 milhões.
Além das medidas repressivas, o governo federal ampliou o investimento em políticas públicas para prevenção e combate ao desmatamento e às queimadas. Entre as ações anunciadas estão:
- • R$ 850 milhões do Fundo Amazônia para fiscalização ambiental;
- • Programa União com Municípios, com R$ 785 milhões para o desenvolvimento sustentável de 81 cidades da Amazônia Legal;
- • Contratação do maior contingente de brigadistas da história (4.385 profissionais);
- • Sete novos helicópteros para o Ibama, aumentando em 75% a capacidade de transporte e em 133% o volume de lançamento de água;
- • R$ 150 milhões para ações contra incêndios em estados do Cerrado e Pantanal;
- • Sanção de leis que ampliam a resposta a emergências ambientais e agilizam contratações de brigadistas;
- • Criação de planos nacionais de combate ao desmatamento e queimadas para todos os biomas.
A ministra Marina Silva também enfatizou que o esforço para proteger os biomas depende da transição energética global. “Até podemos zerar o desmatamento, mas se continuarmos com a emissão de CO2, a floresta vai perecer do mesmo jeito”, afirmou.
*Sob supervisão de Carolina Figueiredo