O deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, tornou-se alvo central de duas operações simultâneas — Bandeirante e Zargun — deflagradas nesta quarta-feira (3) no Rio de Janeiro. As investigações apontam sua ligação direta com a facção Comando Vermelho, além de indícios de corrupção e lavagem de dinheiro.
As ações, a partir da denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), investigações da Polícia Civil e Polícia Federal, e com apoio de outros órgãos de inteligência, tinham como objetivo cumprir quatro mandados de prisão e cinco de busca e apreensão. Três deles foram executados, incluindo o parlamentar.
Logo no início da manhã, equipes da polícia chegaram à residência do deputado, no condomínio Mansões, na Barra da Tijuca, e também ao seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). No entanto, ele não foi encontrado.
Horas depois, o parlamentar acabou localizado em outro condomínio de alto padrão, o Cidade Jardim, na mesma região. Segundo o procurador-geral de Justiça do Estado, Antonio José Campos Moreira, havia sinais de que ele havia deixado sua casa na noite anterior, por volta das 21h44, em circunstâncias que levantaram suspeita de fuga.
“O imóvel estava completamente desarrumado, o que pode sugerir uma fuga e o desfazimento de vestígios de fatos criminosos”, declarou o procurador em coletiva. O MPRJ também apura se houve vazamento de informações que teria alertado o deputado sobre a operação.
A Alerj informou que tomou conhecimento do cumprimento de mandados de busca e apreensão no gabinete do deputado TH. As diligências foram acompanhadas pela Procuradoria da Casa, que prestou apoio às autoridades competentes. A Assembleia Legislativa afirmou que segue acompanhando o caso.
Em nota, o MDB afirmou que decidiu expulsar o parlamentar. “TH, que já não seguia a orientação partidária em seus posicionamentos e votações na Assembleia Legislativa do Rio, não fará mais parte dos nossos quadros”
Tráfico de drogas e compra de equipamentos
De acordo com as investigações, o parlamentar teria utilizado o mandato para intermediar negócios ilícitos com o Comando Vermelho, atuando em áreas como os complexos da Maré, Alemão e Parada de Lucas.
“Ele teria realizado uma movimentação de R$ 5 milhões na compra de drogas”, afirmou Campos Moreira.
Além disso, os vínculos com a facção, apurados pelos investigadores, também incluem a compra de fuzis e equipamentos antidrones destinados ao Complexo do Alemão para dificultar operações policiais com o uso de tecnologia avançada.
“Hoje há um cenário muito preocupante, porque essas organizações criminosas se utilizam de armamento de guerra — fuzis e drones — que servem tanto para vigilância quanto para ataque”, destacou o procurador-geral.
Empresas ligadas a ele também são investigadas por movimentações financeiras suspeitas, consideradas indícios de lavagem de dinheiro — entre elas, uma franquia de produtos de um clube esportivo no Mato Grosso.